Leitores

Pesquisa no Abismo

Minha Arte

Mensageiro Obscuro é um escritor performático que possui um espetáculo solo no qual recita textos utilizando vestuários exóticos, maquiagens e outros recursos criados por ele. Escreve prosas poéticas, poesias, contos, crônicas, pensamentos, frases e experimenta outras formas de escrita.

Seus principais estilos e temas em suas obras são: aventura fantástica, realismo fantástico, autobiografia, onirismo, ultra-romantismo, simbolismo, drama, horror e suspense, ocultismo e misticismo, mitologias, filosofias, surrealismo, belicismo, natureza, comportamento, erotismo e humor.

sábado, 24 de março de 2012

Doce Realidade

"(...) And nobody does it better
makes me feel sad for the rest
nobody does it half as good as you
baby baby darling
you're the best
baby you're the best (...)"

- "Nobody Does It Better" de Carly Simon.

Quando estive tão cético sobre o amor, tão farto das raras farras vividas que já nem tinham mais sabor, e sem ter sentido a intensidade de um amor verdadeiro e correspondido aconteceu de eu ser procurado por uma mulher de uma terra longínqua por uma comunidade da rede social Orkut. Quando encontrado virtualmente por ela em dezembro de 2010 eu estava sem feridas abertas, apenas com cicatrizes de decepções passadas e superadas. Preferi pensar que sou uma peça de quebra-cabeças sem encaixe exato com outras peças, porém um "bon vivant" dentro do meu possível, mesmo parecendo um alienígena. Fui surpreendido por uma série de semelhanças enquanto a vida pareceu fazer piadas exóticas comigo, mas não recuei, a curiosidade foi maior enquanto eu me envolvia lentamente. Após meses de tantas trocas de experiências, confissões, brincadeiras e risos começamos a conversar bastante em quase todos os dias pela internet.

A distância que nos separa não impediu meu fascínio por sua personalidade, comportamento, pensamentos, sentimentos, objetivos e tantos outros detalhes. Nesse ponto criamos a sintonia mental. Marcamos minha viagem, tivemos entraves, aconteceram imprevistos, mas decidi viver uma grande aventura ao viajar de avião para conhecer Curitiba, a distante capital do Estado do Paraná, bem longe do Estado do Rio de Janeiro onde nasci e fui criado. Então, em outubro de 2011 eu conheci pessoalmente uma mulher que mexeu com meu ser nos últimos meses. Foi inédito viajar de avião e conhecer a capital de outro Estado, outras descobertas me aguardavam e eu torcia por isso, tanto que esperava viver um romance intenso, porém curto por conta de nossa distância.

Cheguei a São José dos Pinhais e esperei por ela, nos encontramos e abri os braços cobrando meu abraço prometido, demos um forte abraço giratório e quando a coloquei ao chão falamos poucas palavras, quis criar um jeito para beijá-la, mas não tive palavras certas, então a puxei pela cintura e nos beijamos intensamente. De nosso primeiro beijo criamos a sintonia física e ao pegar um ônibus para Curitiba aos beijos uma trilha sonora romântica do rádio nos acompanhou, justamente tocou a música "Nodody Does it Better" de Carly Simon, a qual é trilha sonora do filme "007 - O Espião Que Me Amava" (The Spy Who Loved Me) de 1977, que anteriormente eu já lhe dizia que combinava completamente com seu rosto de espiã soviética.

Percebemos por pensamentos e sentimentos que vibramos na mesma sintonia mental e física; após tantos beijos, mordidas, abraços, cafunés, toques, “upas” e colinhos eu a pedi em namoro pois tive certeza que ela era a mulher que eu queria. Nossa aventura foi de oito lindos dias apreciando cada momento juntos como se fossem os últimos, sem medos e sem travas. Esse foi o encontro de dois aventureiros livres tão famintos pela descoberta de um novo mundo, onde estávamos envolvidos profundamente. Iniciamos a construção de nosso romance e essa foi a primeira de outras aventuras, pois ainda temos muito a viver em conjunto com nosso companheirismo e diálogo. Parece um sonho... mas é nossa doce realidade.

- Mensageiro Obscuro.
Janeiro/2012.

Foto: Jardim Botânico de Curitiba - PR, foto tirada por mim no meu último dia de passeio em 27 de outubro de 2011.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Aprendi a Vencer no Amor

 Certa vez aprendi em algum local que tudo que podemos dar aos outros deve existir primeiro em nós, realmente esse conhecimento é verídico. Quando temos por nós mesmos o amor, companheirismo, compreensão, respeito, perdão e outros sentimentos; transmitimos essa energia saudável adiante para quem consideramos importantes em nossas vidas. Descobri que estou em constante construção e para me edificar preciso remodelar rotineiramente uma base firme para sustentar todo o resto. A vida é dura e sem boas estruturas eu entraria em decadência, mas não me permito a viver da pior maneira, sigo em frente acreditando em mim. Tudo que passei a viver quando me tornei aventureiro teve mais sabor, aprendi o valor profundo da singularidade, liberdade, privacidade e introversão, esses são os quatro sabores que degusto tanto como se fosse um glutão voraz ou o mais refinado dos apreciadores de iguarias. O verdadeiro aventureiro tem um espírito guerreiro no qual ele assume riscos de sucesso e fracasso, perde seus medos e desapega do que lhe faz mal. É assim que a vida segue para mim, desapegando de medos e travas que atrapalham a vida, pois ela é curta demais para que eu sofra com todas as negatividades que posso criar e nutrir.

Os problemas e dores obtidos devem tornar-se aprendizado para sermos melhores de modo geral e cada obstáculo só reforça que não devo me deixar vencer pelos problemas, mas devo sim me tornar cada vez mais poderoso para derrotá-los. Perdi o medo de me entregar de corpo e alma para quem amo, assim como abandonei o medo de assumir meus pensamentos e sentimentos que poderiam ser pisados por tal pessoa. Larguei meu orgulho, frieza, insegurança, arrogância, prepotência, receio e até parte da racionalidade para me entregar ao meu propósito de experimentar um amor verdadeiro e faria tudo igual se existisse uma máquina do tempo.

É fatídico que sofri e ainda sofrerei com o amor, mas regenero-me dos maus bocados e sem amor a vida é amarga, portanto invisto em mim, na família, nos amigos e em uma companheira. Consegui até sentir a raríssima sintonia profunda entre mente e corpo que por vezes só sentimos com uma ou duas pessoas durante nossa existência, aprendi muito com isso e sigo adiante. No final de diversos sofrimentos saí vitorioso ao eliminar minhas antigas barreiras mentais e comportamentais, não me arrependi de nada que fiz por entender isso como aprendizado, e sei que tenho energia para amar intensamente outras tantas vezes.

Passei a viver intensamente e não sei se essas batidas do coração, beijos e abraços serão os últimos, então não nutro negatividades por mim e nem pelos outros. Quando amamos a nós mesmos e a certas pessoas é possível até o retorno e o renascimento de antigos sentimentos, isso pode ocorrer quando ambas as partes se entregam a recomeçar após amadurecer. Vivi ganhos e vitórias, assim como perdas e derrotas, mas é justamente com o pior lado da vida que aprendo o melhor para mim e prossigo minha jornada solo.

Vivo como um índio guerreiro que luta de peito aberto sem medo das armas inimigas, sem armaduras, sem elmo, somente de corpo pintado, com cicatrizes de antigas batalhas e com o espírito exalando todo o poder pelos poros. Caminhando pela floresta com a cabeça erguida e arma firme nas mãos dentro da selvageria existencial onde posso ser predador e presa, mas não recuo e nem me rendo pois nasci para essa guerra. Eu costumo me apresentar citando que "sou um aventureiro que busca saberes e prazeres sem grilhões e raízes" e de fato estou certo. Ninguém pode me tirar quem sou e o que sou, nem mesmo eu, por isso confirmo que estou em guerra e que já perdi muitas lutas, mas venci muitas outras e por isso caminho na estrada que me torne alguém melhor.

- Mensageiro Obscuro.
Março/2012.

Foto: Montanha canadense encontrada no Google Imagens.

domingo, 4 de março de 2012

Máscara do Falso Poder

Há pessoas egocêntricas que não melhoram por dentro enquanto a vida passa, esses indivíduos possuem um passado capaz de rasgar suas mentes e seguem adiante com feridas abertas, adotando o sofrimento e pessimismo como estilo de vida. Sua decadência impede seu avanço vital em alguns campos como intrapessoalidade, vida social, afeto e sexo e até estudos e trabalho. Então, tal pessoa pode revelar-se confusa, orgulhosa, prepotente, arrogante, agressiva, grosseira, frustrada e insegura, e nesse sistema é possível criar um conjunto de mecanismos de fuga da vida e de si mesma precisando fingir-se de fria, indiferente, insensível e racional na tentativa vã e infantil de parecer superior; mas tudo não passa de uma maquiagem para disfarçar sua grande passionalidade e fragilidade notáveis. Têm pessoas infelizes e ferem-se facilmente no decorrer da vida, mas todo esse conjunto de defeitos cria defesas já catalogadas pela psicologia. Estar vivo na gangorra dos altos e baixos que ocorrem não é mesmo fácil para nós, em especial para quem entende a vida da pior maneira possível com um pessimismo corrosivo capaz de amargar as coisas mais belas e doces da vida; e de tanto medo da continuidade do ciclo vital tal ser acaba cometendo atos sem noção, justificando-os levianamente com argumentos pífios dignos de uma pessoa mimada.

Quando o amor próprio e a realização pessoal são minúsculos passa a existir uma prisão em nós mesmos transformando-nos em seres incapazes de lidar com nossos problemas em busca de soluções. Sem uma boa estrutura intrapessoal e emocional não poderemos ser grandes o suficiente para oferecer muito aos demais, nesse momento um sentimento de pequenez e amargura toma conta da mente dificultando a vida de forma geral. Portanto, nesse caso quem é muito pouco não terá conteúdo e atitudes para saciar as grandes personalidades encontradas durante a existência, devido a esses serem dotados de exigências proporcionais ao que podem oferecer e estes não se contenta com migalhas. Devemos aprender que superamos os problemas ou deixamos que eles nos superem, portanto devemos estar de bem conosco ou a vida nos ferirá intensamente.

O masoquismo é constante na vida de quem persiste em errar das mesmas formas, portanto a repetição gera a morbidez e esta se prolonga no apego pelo autoflagelo. É comum nos problemáticos que atirem seus problemas para “debaixo do tapete” ou "para cima dos outros" como mecanismo de transferência de sua negatividade para um alvo, assim tentando se aliviar de suas dores. Mentes perturbadas tornam-se uma “colcha de retalhos” que de tão emendadas não se tornam uniformes o suficiente para prosseguirem numa vida saudável em praticamente campo algum de suas necessidades. Existem várias fugas para a realidade e é até bom recorrer a elas vez ou outra, porém quando as fugas são mais comuns que o enfrentamento realista certamente possuímos um grave transtorno e trauma a corrigir, em especial o medo de viver que é realmente patológico.

Não é certo um indivíduo saudável e de bem com a vida guardar mágoa, rancor, raiva, tristeza e outros sentimentos negativos por gente muito doente da cabeça, é mais viável entender que essas são pessoas problemáticas e que precisam ser cuidadas e protegidas de si mesmas. Uma pessoa que apresente tantas defesas dá um sinal claro de fraqueza pessoal em termos afetivos e emocionais, porém mais fraco é quem não quer mudar e se prende a viver da pior forma. Problemáticos costumam ressaltar seus problemas e defeitos como regras inalteráveis; com isso persiste um drama quase teatral para chamar atenção que dizem ignorar. Gente assim dificilmente vence obstáculos, pois se consideram menores que seus entraves para as realizações. Tais seres escondem seus rostos por trás da máscara do falso poder e assim permanecem definhando em si próprias sendo dignas de pena e de ajuda especializada com tratamento adequado antes que seja tarde demais. 

- Mensageiro Obscuro.
Março/2012.

Foto: Máscara veneziana com tema musical sem referências encontradas através do Google Imagens.