Leitores

Pesquisa no Abismo

Minha Arte

Mensageiro Obscuro é um escritor performático que possui um espetáculo solo no qual recita textos utilizando vestuários exóticos, maquiagens e outros recursos criados por ele. Escreve prosas poéticas, poesias, contos, crônicas, pensamentos, frases e experimenta outras formas de escrita.

Seus principais estilos e temas em suas obras são: aventura fantástica, realismo fantástico, autobiografia, onirismo, ultra-romantismo, simbolismo, drama, horror e suspense, ocultismo e misticismo, mitologias, filosofias, surrealismo, belicismo, natureza, comportamento, erotismo e humor.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A Cobaia Social

Observando as coisas como surgem penso às vezes que sirvo como cobaia em testes de alguma espécie de teoria de conspiração consistente em diversos focos independentes que sempre me põem como figura social incompreendida e dificilmente rotulada. É bem difícil rotular alguém tão versátil, talvez seja fácil incrementar conceitos relacionados em sinônimos relacionados à minha personalidade excêntrica e solitária tão incômoda para os indivíduos pré-julgados como "comuns". Na verdade todos temos peculiaridades, mas pessoas como eu nasceram exageradas nesse sentido.
Analisando casos decorrentes de péssimas interpretações perante meus ideais, gostos e desgostos, amores e ódios e demais motivações de meus conhecimentos empíricos e de meu estilo sibaritista, concluo que é difícil me relacionar em certa parte, pois minha linguagem nem sempre diz tudo que desejo e acabo por ser identificado como uma possível cobaia das más línguas que insistem em contorcer meus dizeres, além disso conseguem me ferir das dez maneiras que mais condeno: levantam mentiras sobre minha honra; ignoram-me sem listar motivos concretos; não cumprem o que me prometeram ou devem; mentem sobre mim sem me dar direito de defesa; brincam com meus sentimentos; me negam ajuda quando tem oportunidade em colaborar; são hipócritas comigo; ferem alguém de quem gosto sem motivos concretos; fazem comparações nocivas perante meu comportamento e demais estatísticas; e me embromam com algo que eu considero importante.

Diante de todos esses problemas de interação social eu vivo em um paradoxo: por uma lado vivo em constante conflito idealístico na presença de pessoas que não me compreendem, por outro lado convivo normalmente com minhas pessoas queridas, nunca me faltando numerosos e valorosos amigos dos estilos e utilidades mais variados, mesmo sendo exótico mostro-me amistoso e aberto a conversas profundas com aqueles que tem intimidade comigo.
Sou solitário por evitar me expor, por isso levo meses e até anos para saber se vale mesmo a pena que alguém entre em minha vida amistosa ou amorosa, pouco me importa quantos meses ou anos posso passar solitário, este fardo é sempre mais leve para mim por ser característico de minha natureza. Pessoas entram e saem da minha vida com frequência e assim prefiro, ficam os bons e saem os maus. Em uma breve definição, minha solidão se reflete ao fato da seletividade idealística e níveis metódicos de ganhos e perdas, podem me chamar de ultra-racional, mas acredito que estejam certos, minha emotividade é quase inexistente, quase nada me abala, salvo quando entram em jogo as atitudes que julgo por intoleráveis como já citei.

Antigamente eu sentia dores, hoje apenas tenho cicatrizes emotivas profundas, várias travas físicas e mentais que determinam mecanismos de defesa para todos os fins e isso me traz vantagens como um maior auto-controle de minhas ações e planos; e desvantagens como a insensibilidade emocional gerada pelo racionalismo hiperbólico que me torna uma espécie de autômato de carne, algo parecido com uma máquina avançada seguindo seu conteúdo programático, fazendo cálculos variados para obter êxito em suas metas e objetivos, sendo eles concretos ou abstratos. Tudo segue um fluxograma pouco variável e quase inflexível quando minha vida não consegue ser dividida em camadas de posses e idealizações, essa racionalidade extremista já me fez ver as pessoas como peças de xadrez a serem usadas como degraus para o alcance de meus desejos, hoje em dia estou a fim de esquecer rótulos como: "chave de acesso", "aliado eficaz", "aliado temporário" e "peça descartável", é uma maneira muito fria de encarar as pessoas, essa frieza chega a ser uma rispidez e um total desrespeito a todas as pessoas que me rodeiam. Atualmente já não as vejo dessa forma, mas permaneço medianamente gélido para evitar decepções.
Podem me chamar de narcisista também, por realçar meu egolatrismo e materialismo, tenho a impressão de definhar como se estivesse predestinado a lutar constantemente com meu lado oposto que mais parece uma analogia entre minha pseudo dupla personalidade, algo bem próximo ao embate dos personagens Dr. Jekill, o médico bondoso em sua humanidade e dogmas de conduta social e o Sr. Hide, o monstro de sua personalidade algoz com relação ao Dr. Jekill, psicótico e desprovido de travas psico-sociais. Lógico que não sou tão extremo como esses personagens, mas analogamente é uma referência bem cabível ao meu comportamento com bases dualistas.

Sinto-me uma cobaia a ter que sofrer por determinados resultados dos testes em mim aplicados, mas quem disse que as coisas boas são fáceis? Certamente seria muita preguiça de minha parte pensar que a vida será uma simples brincadeira e tudo virá conforme eu desejar, conflitos internos existem e são mais dolorosos que os externos, por isso prontifico-me a saber como sobreviver nesse enorme e perigoso laboratório que chamamos de vida.

- Mensageiro Obscuro.
2004.


Foto: "Sweet Memories" por Freydoon Rassouli.
Portal do artista: Rassouli

Um comentário:

  1. Gostei demais desse texto, das suas palavras, sua autenticidade. Vc é escritor tb? Gosto de fazer amizade com escritores, se quiser a minha amizade.

    meu msn: nikitaluizi@hotmail.com

    Bjs! Bye! Lu.

    ResponderExcluir

Seus comentários me proporcionam a capacidade de saber que sensações e aprendizados cativei em vocês.
Usem a boa educação e por favor escrevam corretamente.