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Pesquisa no Abismo

Minha Arte

Mensageiro Obscuro é um escritor performático que possui um espetáculo solo no qual recita textos utilizando vestuários exóticos, maquiagens e outros recursos criados por ele. Escreve prosas poéticas, poesias, contos, crônicas, pensamentos, frases e experimenta outras formas de escrita.

Seus principais estilos e temas em suas obras são: aventura fantástica, realismo fantástico, autobiografia, onirismo, ultra-romantismo, simbolismo, drama, horror e suspense, ocultismo e misticismo, mitologias, filosofias, surrealismo, belicismo, natureza, comportamento, erotismo e humor.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Alma Cansada

Acabaram-se aqueles bons momentos,
resta a saudade, frio, dor e vergonha.
não mais creio em meus sentimentos,
a intensidade cessou, veio o vazio.

Memórias, lamúrio de uma alma cansada,
a realidade construiu um destruído,
os ossos ainda seguram a carne surrada,
pensamentos e emoções, nada com sentido.

Morbidez, triste fim, depressiva essência,
o cansaço. Oh! cansaço que me consome!
Fantasmas mesclam-se à minha essência,
bebo sem sede, mordo algo sem fome.

Desilusões são minhas maiores convicções,
não tenho esperanças nem mesmo sorte.
a miséria morde-me sorrateira e furtiva,
nada mais quero, basta-me o gelar da morte.


- Mensageiro Obscuro.
Junho/2007.


Foto: "Hamlet and Horace au cimetière" por Eugène Delacroix, 1839.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Descobertas a Dois

A bela porcelana encantou-me,
exposta em seu manequim,
bibelô sedutor de meu desejo,
era sua pele alva e macia.

Uma fenda de pele e marfim brilhou,
Chamativa e arrepiante,
emissora de palavras mágicas,
essa era sua boca esfomeada.

Brilhantes refletindo meu rosto,
fendas sinuosas para ogivas,
de soslaio provocam-me,
eram seus olhos pedindo retorno.

Perdi-me aos toques sedosos
de madeixas curtas e pretas,
que emolduravam aquele rosto
de expressão tão afetuosa.

Em suas expressões maliciosas,
não me respondeu o que queria,
Mastigava minha curiosidade
em um prato incognitivo.
Entregou-se aos desejos
do utópico amor romântico,
onde morreu a rotina
ao nascer de novos sentidos.

Éramos "bon-vivants"
num filme "noir",
sem eternidade e perfeição
apenas humanos como somos.
Doce elo líquido, o vinho
em leves goles de nosso prazer.
Nossas descobertas a dois
despidos de máscaras e capas.

Essa noite é com ela, pouco importa o depois.


- Mensageiro Obscuro.
Fevereiro/2009.


Foto: Arte fotográfica erótica. Referências não encontradas.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Oferenda a Anúbis

Senti um chamado familiar ao caminhar nas areias, uma voz grave me atraiu na noite estrelada, entre covas e mausoléus corri na névoa mortuária. Eu encontraria alguém e estava preparado, entrei em uma pirâmide no frio desértico. Trajando minha capa esvoaçante e artefatos, desci longas escadas na penumbra da cripta, com suas pinturas e símbolos pelas paredes. Necromantes estudavam seus livros e pergaminhos e novamente fui chamado pelo meu grande pai Anúbis.No Templo-cemitério marchei entre a escuridão e tochas, o chacal imponente tornou-se híbrido e conversamos, o Guardião dos Mortos anunciou uma nova batalha e precisei do empréstimo de seu poder mortuário vindo do submundo de estudos, sombras, frio e silêncio.

Na morte fiz minha vida, na vida fiz minha morte, lacrei sonhos infrutíferos e ergui meu machado contra mortos-vivos, donos de essência impura. Exterminei aberrações naquela dura missão interrompendo o retorno dos malditos com a necromancia. A luta contra os filhos da morte foi implacável, a oferenda a Anúbis foi entregue.


- Mensageiro Obscuro.
Fevereiro/2007.


-- Glossário --

Anúbis = Neter egípcio do submundo dos mortos, mumificação, auxiliador no julgamento, representante da imparcialidade e racionalidade. É representado como um homem com cabeça de chacal ou cachorro preto. Seu culto era realizado na cidade de Cynopolis e possui templos-cemitério para o treinamento de seus discípulos e cultistas.

Capa e artefatos = Traje cerimonial com objetos dotados de poderes místicos típicos de uma ordem de mistérios, que necessita de uma disciplina notada por símbolos sociais e espirituais.

Chacal = Anúbis em forma animal, também representado por um cachorro preto. Uma transfiguração do neter que vagava pelas áreas mortuárias.

Guardião dos Mortos = Um dos muitos títulos para identificar o neter Anúbis.

Necromancia = Magia que utiliza contatos e manipulação de mortos nos processos de funcionalidade mística.

Necromante = Mago que aprendeu a usar a necromancia.

Pinturas e símbolos = Menção a arte literária e mensagens da religião egípcia representadas nas paredes dos templos, assim como nas cavernas homens pré-históricos registravam sua história cotidiana com sua pintura rupestre, uma das primeiras linguagens visuais segundo a antropologia.

Pirâmide = Construção funerária que servia de mausoléu para guardar um cadáver e seus pertences, sua forma representa os raios de Rá, o neter sol supremo neter egípcio das eras antigas. Tem grande poder espiritual e um significado profundo.

Poder mortuário = Menção a necromancia.

Submundo = Poderia ser o subterrâneo comum, mas essa expressão refere-se ao mundo dos mortos.

Templo-cemitério = Estilo de templo usado pelos cultistas de Anúbis, um templo construído dentro de um cemitério ou um templo com um cemitério dentro para estudos e contatos com a morte.


Foto: Estátua do neter egípcio Anúbis. Sem referências encontradas.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Caverna dos Prazeres

Não preciso dizer o que sinto,
quando tu mordes os lábios
chama por uma fera adormecida,
residente neste corpo que a seduz
e não fujo de meus instintos.

Sou macho alfa, é minha natureza.
conheço teu jogo e tuas manhas,
aceita-me como o animal que sou,
não tente compreender
o mistério que me habita.

Em teu pequeno corpo, desejos
estampados em letras transpiradas,
antes reprimidos, agora livres.
domino-a, suave e feroz,
seu desejo e medo misturam-se.

Perde-se na caverna dos prazeres,
e agora és minha presa.
entre gemidos prazerosos, calores
risos malicentos e lascívia!
Abocanhada em várias mordidas.


- Mensageiro Obscuro.
Julho/2009.


Foto: Caverna do Diabo - SP. Foto encontrada no Google Imagens.

terça-feira, 14 de julho de 2009

O Arlequim Tragicômico


Tenho que entender que a vida nem sempre pode ser analisada como um monte de análises críticas, cálculos, metodismos, reformulações mentais e demais conceitos que agilizam ou atrasam minha evolução. A evolução de consistir em taxas de equilíbrio entre minhas atitudes ofensivas e defensivas, amistosas e inimizantes e entre tantas outras dualidades presentes em meu ser.
Noto que consigo ser uma das poucas pessoas que eu conheça que é tão dualista com emoções, a maior prova disso é o meu amor e ódio interno que engloba até a mim mesmo, eu sou talvez o único que consegue amar-se e odiar-se, oscilando em diversas fases de aderência e ostracismo sociais para a reformulação personalística, isso causa diversos conflitos interiores causadores de falhas psíquicas retráteis, algo parecido com um sincopismo de fatos e uma inconstância muito estranha.
Já passei por várias revoluções internas, elas me melhoram, mas é esse o alto preço do poder: perco minha humanidade me tornando automático e programado, cada vez mais insensível e chega a ser cômico como pareço um arlequim a rir de minha própria desgraça fazendo de minha vida um palco de emoções e atitudes intensas, harmônicas e desarmônicas. Eu posso dizer que sou meu melhor amigo e meu pior inimigo, pois ora faço o que preciso, ora me acovardo e sou corajoso o suficiente para admitir meus erros e desejo melhorar, isso me torna superior a muitas pessoas, ao mesmo tempo noto que ninguém é superior, cada pessoa possui uma série de pontos antagônicos e nesse antagonismo contínuo aqui estou.

É complicado estar sempre explicando como as coisas funcionam em minha mente, às vezes tenho a impressão de pensar em duas coisas por vez e ao mesmo tempo minha versatilidade se aplica a atitudes físicas pouco complexas, mas consideravelmente talentosas para alguém jovem, nem por isso acho-me brilhante, pelo contrário. Nunca é bom pensar que sou o melhor, mesmo pela razão de não o ser e em seguida por saber que posso ser alguém melhor a cada vez que descubro uma nova falha. E mais uma vez como um arlequim risonho a encantar a platéia eu estou protegido atrás de minha máscara e divirto-me solitariamente.
Vivo sendo criticado pelo meu perfeccionismo e auto-modelagens sucessivas, sou quase obsessivo quanto a minha expansão e que em algumas ocasiões pareço ter uma indignação com minha vida, acredito que eu seja insatisfeito com quase tudo, posso ser catalogado como alguém de "espírito perturbado" por ser sempre tão penetrante em metas de autocorreção e expansões comportamentais.

Como se fosse o grande artista que não sou, quem sabe um simples arlequim tragicômico diante do palco social, digo que só sou um homem em busca da minha evolução física, mental, profissional e espiritual e nada irá me fará mudar meu estilo em prol do sacrifício de minha felicidade egoísta para realizar o crime de agir como a sociedade quer, criando a felicidade altruísta; em seguida abaixo as cortinas do espetáculo e me retiro desse palco virando-me de costa bruscamente ignorando essa grande platéia dissimulada.


- Mensageiro Obscuro.
2004.

Foto: "Arlequim e Pierrot" de André Derain, 1924.

Vivendo Entre os Seres Cíclicos

É perturbador viver em um mundo no qual sou impossível de me encaixar. A maioria das pessoas são vítimas do que chamo de Sistema Vital Cíclico, em que as pessoas se prendem a padrões para felicidade, opiniões, preferências, objetivos, estética, vestuário e outros fatores para seguir em modo linear um padrão de vida que engloba desde o interior ao exterior do indivíduo. Pessoas cíclicas costumam apresentar as seguintes características comportamentais: acreditam em verdades absolutas e aceitam imposições; fazem vários atos sem medir consequências; são facilmente manipuláveis e vítimas de modismos; aparentemente vivem sem propósitos específicos como se viessem ao mundo para passar férias; acreditam em padrões únicos para se chegar a um objetivo; casam-se e tem filhos por mero hábito como se fosse uma obrigação social e não tem muito o que ensinar a seus filhos na maioria das vezes; quando tem filhos não aceitam que eles sejam muito diferentes deles, agindo com pré-conceitos e desejam que seus filhos sejam cópias de si mesmos; não aceitam exotismos a menos que estes sejam aceitos pela sociedade burguesa e da mídia de massa; não costumam se rebela contra nada que atrapalhe suas vidas por julgarem-se fracos perante o mundo; não tentam entender as pessoas diferentes e chamam de loucos todos que não são como eles; e sabem rir do que e de quem desconhecem por serem ignorantes e temem o desconhecido sem estudá-lo por ser mais fácil excluir do que tentar entender.

Em resumo pessoas cíclicas não estão aptas a conviverem comigo sem me julgar como insano, que por sinal é algo que com certeza não sou. Já fiz exames de saúde mental e foi constatado duas vezes que estou acima da média de sanidade mental, por outra interpretação posso ser insano se for interpretado pelo fator de equilíbrio. Como disse uma professora do primário para minha mãe certa vez: "Ele não é maluco, é apenas uma criança muito estranha." O pior não é me julgar negativamente e sim fingir que me aceita e entende, estou sempre disposto a esclarecer dúvidas ao meu respeito, mas atualmente estou desistindo dessa idéia, tem gente que entende tudo errado como já senti na pele as graves consequências sendo acusado de ser o que não sou e fazer o que nunca fiz. Ser pré-julgado negativamente é horrível, eu senti na pele e não desejo a ninguém (talvez somente aos piores inimigos...)...
É bom frisar que não são todas as pessoas comuns que são tão fechadas para uma percepção mais apurada a respeito das coisas da vida, mas estas são raras, geralmente as pessoas cíclicas são estagnadas, limitadas, ignorantes, incompreensivas, alienadas, conservadoras, unilaterais, e dependem de mentalidades pré-formuladas.
Já as pessoas incomuns, que são muito raras, são expansíveis, ilimitadas, compreensivas, conscientes, multi laterais e criam suas próprias mentalidades. Em suma, podemos dizer que é traçada uma linha dualista entre a normalidade e a anormalidade, ser anormal não é algo negativo, apenas ilógico para quem não entende a diversidade personalística. É possível notar que os grandes homens e mulheres da humanidade que se imortalizaram por seus feitos e obras eram pessoas anormais, pois o normal só copia e julga mal, já o anormal cria e modela. A produção intelectual pode provir de pessoas julgadas normais, mas estas costumam ter potencialidades bem reduzidas se comparadas com pessoas excêntricas, exóticas e que estão intelectualmente à margem da sociedade.

Falar para uma pessoa cíclica sobre coisas fora de seu entendimento pode ser um erro fatal sujeito a a ser negativizado perante outros sentimentos e emoções nocivas quanto ao ser diferente e é justamente por isso que passo ao explicar sobre tudo que sou, por isso me protejo em mistérios e enigmas que só podem ser solucionados por pessoas muito especiais que posso contar nos dedos.
Não posso me revelar para todos que conheço, os efeitos são muito perigosos e tem coisas que não posso explicar. As respostas são complexas demais para mentes vãs e fracas, por isso meço quem me rodeia e só permito a poucos que me conheçam além do limite estipulado.
Sou obscuro mesmo, ou seja, significa que não posso ser compreendido por pessoas comuns, somente pessoas mentalmente maduras conseguem entender uma parte do que sou e percebem as pistas misteriosas que dou sobre mim. A maturidade não se refere a idade e sim atitudes e gestos que provam que o indivíduo cresce constantemente. É tudo como um enorme quebra-cabeças, mas só posso dar no máximo 70 das 100 peças do meu tabuleiro, isso só para quem for realmente testado e aprovado em minha seletividade. Pode-se saber muito sobre mim, mas jamais será possível saber tudo, sou misterioso por natureza, tudo é silenciado em prol de minha auto-preservação e auto-suficiência.

Sinto-me perturbado por tudo que sou, é duro expressar-me sabendo que não me entenderão, com todos esses acontecimentos acabo por concluir que é impossível que eu tenha uma boa vida social sem máscaras, portanto é melhor adotar uma atitude de uso de máscara social, assim fingindo ser muito menos do que sou e mascarando minha excentricidade poderei usufruir de uma vida social um pouco satisfatória. Quando algo não pode ser conquistado tenta-se comprar da maneira mais sagaz. Não sei como se julga isso, mas por questões de sobrevivência quando uma porta não se abrir tente entrar por uma janela.
Ninguém entende meu Processo de Vida e Morte, no qual vivifico minha parte harmônica e mato minha parte desarmônica. Agora basta saber que parte minha deve viver e qual irá morrer, já que minha excentricidade é o meu maior brilho. Sem minha excentricidade sou inútil e não conseguirei viver, por sorte minha natureza é imutável. Pensando nisso devo sempre me aceitar, mesmo que ninguém me aceite e eu seja obrigado a deixar todos que me rodeiam para trás matando a vida que tenho para renascer bem distante realizando minhas vontades e sendo quem realmente sou, independente dos fatores que dificultem minha aceitação social tenho consciência que tenho missões a cumprir em vida e não posso permitir que nada atrapalhe minha busca pelo que chamo de Poder.

É necessário interpretar com acuidade o mundo cultural ramificado que está ao nosso redor. A cultura de massa funciona como um veículo de distração para os grandes problemas nacionais e internacionais, essa aquisição de conceitos pré-modelados gera a padronização cultural e social, em contraste acrescenta e fortifica preconceitos a tudo que está à margem do senso comum que impõe regras e estilos forçados para todos os possíveis fins, tornando o comportamento dos influenciados automático e limitado. As barreiras limitadoras da cultura de massa agem na psiquê humana evitando que os manipulados não saibam se comportar adequadamente diante do exótico como um todo.
Seu desrespeito pela opinião diferencial causa graves transtornos sociais perante os excluídos, muitas vezes ridicularizadas, as pessoas marginalizadas por não se enquadrarem na padronização massificante, permanecem como membros incompreendidos e inadaptáveis ao regime preconceituoso e pouco abrangente.

A discriminação ridiculariza, critica sem embasamento e exclui indivíduos não correspondentes ao perfil exigido pelos grupos modistas estáticos e pouco receptivos; por razões de estagnar o conhecimento e prendê-lo ao que a mídia e o empirismo não fundamentado conseguem, a ignorância e seus efeitos nocivos ampliam diversos fatores negativos no convívio social e na própria mente dos indivíduos, assim eles crescem iludidos com seu estilo de vida e tornam-se descrentes, insensíveis, inflexíveis em contraposição aos problemas e soluções para sua própria existência.

Os alienados tem uma padronização em seguir modismos regidos pela mídia manipuladora, esse comportamento repetitivo é motivo de prestígio entre seus semelhantes.O modismo externa uma grande deficiência ou ausência de senso crítico, uma má avaliação empírica, argumentos depreciáveis e respostas ilógicas e incoerentes. A imensa falta de opinião individual dos modistas faz com que sua opinião seja quase sempre monossilábica e sem alicerces argumentativos, fazendo dos influenciados indivíduos facilmente manipuláveis e pouco racionais diante de situações que exijam uma boa base cultural necessária para que escolham e separem o que é benéfico ou nocivo; existem poucas variantes dentro de seu gosto pessoal estreito. Seja pela música, vestuário, comportamento social, objetivos de vida e demais fatores, o modismo está presente em diversos hábitos e interfere diretamente nas relações sociais, tornando suas relações harmônicas somente entre seus semelhantes.


- Mensageiro Obscuro.
2004.