
Folhas secas caem em meu solo infértil, folhas tão secas como meu coração por dentro, estátuas desgastadas, quebradas e empoeiradas enfeitam minha morada tão decrepita. Todas elas tão esquecidas quanto meus sentimentos antes intensos e um dia tão quentes. Meu sarcófago está aberto e ansioso pelo meu corpo ainda tão vivo, minha alma está aderente ao sabor curioso e esperado da morte, não mais tenho esperanças em viver. Dor, tristeza e sofrimento transbordam, solitário estou, esperando o beijo da morte, e o lar de minha tristeza ainda está erguido! Beije-me, sentencie-me ao fim, faça de mim uma pedra! Que eu seja a pedra na cabeça dos inimigos, que sintam minha dor e angústia em seus corpos. Para a glória de meu ego, abandono o perdão e digo: maldita hora em que nasci e cresci!
Lágrimas e dores corroem meu tolo espírito, seres espectrais perturbam-me em solo sagrado, sacerdotes macabros fingem benevolência, eu os odeio e eles fingem me amar. Lar de minha tristeza, dor em minha morada, eis meu refúgio do martírio nessa sentença decadente! Prisão secreta onde choro sem temor de ser visto, onde o solo comerá de minha carne aos meus ossos. Agora deixem-me saborear as desilusões de minha vida morta enterrado no lar de minha tristeza.
- Mensageiro Obscuro.
2005.
Foto: Algum túmulo em um cemitério (arte cemiterial e tumular).
Em uma palavra... magnífico!
ResponderExcluirAh, estas cinzas que nos fragmentam, ferem e embargam os sentidos, tão sozinhos estamos dentro de nós, belo e comovente poema!!!!!
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