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Pesquisa no Abismo

Minha Arte

Mensageiro Obscuro é um escritor performático que possui um espetáculo solo no qual recita textos utilizando vestuários exóticos, maquiagens e outros recursos criados por ele. Escreve prosas poéticas, poesias, contos, crônicas, pensamentos, frases e experimenta outras formas de escrita.

Seus principais estilos e temas em suas obras são: aventura fantástica, realismo fantástico, autobiografia, onirismo, ultra-romantismo, simbolismo, drama, horror e suspense, ocultismo e misticismo, mitologias, filosofias, surrealismo, belicismo, natureza, comportamento, erotismo e humor.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Seu Doce Desespero

Vejo você rumar à vitória e o ódio me consome, vivo tristes pesadelos com teu triunfo. Maldita seja! Usurpadora, diabólico ser mascarado, logo sua máscara cairá e suas lágrimas de tristeza e derrota são o mel de minha alegria, o vinho de minha vitória. Teu doce desespero é o sangue quente de minhas veias. Tenho um prazer orgástico quando rasteja pelas estrada, assim, escancaro meu ódio a ti e espero que sofra mais. Quero que cada um de seus erros sejam um fel em sua língua e que teu sangue sujo derrame, mas não a deixe morrer.

Caminhe por espinhos e rasgue sua carne, continue viva, desejo o néctar mais puro de seu sangue ao chão. Desejo-te a imortalidade para arrepender-se e quando arrependida ainda sofra um pouco, alimente minha libido exótica com sua tragédia. Seu doce desespero será consumido bem lentamente, quando a sentença existencial se mostrar como o sofrimento puro e vagaroso.

O sadismo é minha refeição mais elaborada e saborosa. Iguaria que comerei devagar para que seja durável, especiaria minha que me enjoarei e darei ao descanso mortuário. Seu sofrimento será a pintura que emoldurarei em minha melhor parede, eis o teu doce desespero.

- Mensageiro Obscuro.
2004.

Foto: Imagem de fonte desconhecida encontrada no Google Imagens.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Bela Dama Exótica

Minha bela dama exótica,
que prazer tê-la ao meu lado,
suas cartas exaltaram meu peito.
tuas mensagens intensas
sustentaram sonhos saborosos.
Agora não estou tão sozinho,
sua voz infantil esconde uma mulher
que descobri em grandes momentos.

Com linguagem mansa,
suas palavras extasiam,
como se nunca amasse
nessa vida breve.

Sou detetive desvendando
mistérios de suas curvas
e descubro suas facetas
enquanto as horas passam.

Penso em nossa inconstância,
busco-a entre tantos rostos.
liberemos nossos instintos
para viver o indefinido.

- Mensageiro Obscuro.
Abril/2005.

Foto: "Dance" por Alphonse Mucha, 1898.

sábado, 7 de novembro de 2009

Amor Onírico

Sonhamos acordados
e temos saudades
do que ainda não vivemos.
Encontro você em sonhos,
lá somos amor e desejo.

Não quero acordar
desses doces momentos
que alimentam nossa vontade.
Paro sentado e suspiro fundo
ao pensar em você.

Amo-te intensamente,
em fantasias só nossas
para saborear prazeres etéreos
em nosso amor onírico.

- Mensageiro Obscuro.
Setembro/2008.

Foto: "Kissing" por Alex Grey, 1983.
Portal do artista: www.alexgrey.com

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Death Note - O Caderno da Morte

Há tempos a humanidade precisa ser reformulada, sonhos e pesadelos se mesclam em minha mente, com o peso dramático de uma realidade decadente. Só desejo um mundo melhor, sou divino, sou a lei da vida e da morte. Atingirei o ápice pisando sobre cadáveres, quem atrapalhar meus planos pagará caro, escreverei mais nomes no Caderno da Morte, saboreio o doce fim do lixo social. Fracotes! Não fujam, pois os encontrarei.

Enganei e despistei até a polícia para matar mais, livrei a humanidade de parte de sua escória, após tanto trabalho ainda querem me controlar? A prisão perpétua ou pena de morte não mudam nada, tenho um "Death Note" para destruir quem eu escolher. Humanos agora são marionetes, pois sou um deus!

Lembrem-se: Shinigamis só comem maçãs! Sou Kira! Ditarei como e quando muitos morrerão. Pela caneta destruo mais vidas que qualquer arma, com malícia nos lábios aguardo o início de meu império. Não sou um monstro, sou apenas um deus incompreendido.

- Mensageiro Obscuro.
Janeiro/2008.

N.A.: Texto em homenagem ao anime, mangá, filme e outras produções da série otaku Death Note escrita por Tsugumi Ohba e ilustrada Takeshi Obata.

-- Glossário --

Death Note = É o nome do anime, mangá e filme de longa metragem que conta a história do Caderno da Morte, este é um artefato místico fictício em forma de caderno, consiste em matar quem tiver seu nome escrito nele. Com o caderno ganha-se um shinigami e certas regras sobre a realidade envolta pelo caderno. Durante a obra diversos detalhes apresentam um enredo denso e interessante que prende a atenção do espectador e leitor.

Kira = É um pseudônimo usado pelo protagonista de Death Note, tem relação com a fonética japonesa da palavra inglesa "killer" (assassino em português).

Shinigami = Um tipo de divindade japonesa responsável pela morte. Shinigamis são deuses da morte japoneses.

Foto: Imagem anônima extraída do Google Imagens.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Estou de Saída

Sei que sou denso, talvez pesado demais para ti, talvez um fardo sofrível, então vamos nos distanciar... você fica no seu canto e eu no meu. Pela boa vizinhança, vamos ficar afastados, faremos de conta que não existimos um para o outro por uns tempos, pode ser divertido e importante, estou disposto a seguir com essa idéia. Fique em sua casa e eu vou para um abismo ou montanha, tanto faz, estarei em meu território por dias ou semanas, mas lá estarei em sintonia com coisas tão minhas. Você reclama que ando calado com olhar perdido, ouvidos desviados e com o nariz para baixo, todo pensativo e sensível ao que desconhece. Não é dor, não é desamor, nem fofoca e nem outras tolices que você costuma pensar. Não quero desabafar e nem chorar, é sério! A verdade é que o que penso e sinto não é expressível a ponto de ser captado por sentidos comuns, o que se passa por dentro de minha pessoa só eu sei. Não adianta pedir que eu me explique, que me abra para ti, para que depois crie ou reforce dúvidas em sua mente. Não adianta eu dizer o que não é possível de entender.

Minha voz e letras não dizem nada que te levem a algum lugar, pois meu abismo é fechado e só meu, lá é meu território onde mistérios e segredos habitam solitários. Essa é minha profundidade e não posso te prender, portanto não se prenda a minha pessoa. Sou como o pássaro do livro "A Menina e o Pássaro Encantado" do Rubem Alves: para que eu seja feliz tenho que ser livre para ir onde quero, sem amarras, mudando minha forma de acordo com as tantas nuances de minhas experiências. Desista de tentar desvendar um enigma tão complexo, isso só vai te tirar tempo. Umas coisas são mistérios, outras são segredos, mas todas são incompreendidas. Não quero falar, não tenho palavras belas. O que tenho é tédio do tipo para exportação, pode ser atacado ou varejo? Escolha logo sua leva, pois a concorrência é ferrenha.

Estou de saída ou em fuga, já peguei o que preciso, então não me procure e não vou te procurar, um dia nos encontraremos, sem pressa e sem pressão. Respeite minha individualidade e privacidade ou essa será nossa última conversa. Não quero falar com a voz embargada, não quero derramar lágrimas aprisionantes e nem quero sentir o terror da perda, é melhor viver desgarrado, mas não sem antes levar um abraço apertado. Sou livre e não vou mudar, essa é minha condição, não tente me parar. Não sou doméstico e nem dependente, então esqueça os grilhões ou amarre-se neles. Eu vou embora. Irei me aventurar e trarei façanhas e cicatrizes lindas. Enquanto eu não voltar estaremos juntos pela mente, então digo a você: até mais.

- Mensageiro Obscuro.
Setembro/2009.

Foto: Montanhas geladas. Encontrado no Google Imagens. Sem referências encontradas.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Não Vivo Sem Ti

O imenso amor que sinto
é por ti, minha pequenina.
Intensamente desejo-a
jovial, corajosa e firme.
Muitos mentem e até matam
somente para te possuir.
Linda, versátil, sedutora
poderosa e trabalhosa.
Vestida de cores e números
ou apenas dura e brilhante.
És exuberante e imponente,
para sempre amada e odiada.

Confesso decidido:
Não vivo sem ti!
Dama que quando gorda
é ainda mais apetitosa.
Te quero em minhas mãos!
Amo-te livre ao dividi-la
até lhe empresto
para quem precisar de ti.

Torço para que volte maior,
pois estudo e trabalho
para te conquistar.
Sem sua presença nada sou,
apenas miserável sem lar,
tu és minha doce Fortuna!

- Mensageiro Obscuro.
Junho/2009.

Foto: Dinheiro. Imagem obtida pelo Google Imagens. Sem referências encontradas.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Vivente na Interseção

Sou filho de Anúbis e discípulo da Jehuty, vivo em missões no mundo dos mortos e vivos. Andei por oito direções em estudos e guerras, descobrindo outras realidades. Não tenho todas as perguntas e respostas, mas Ba e Ka montaram meu precioso Akh. Em mundos tão estranhos e complexos sintonizei raras essências capazes de me lançar em realidades alternativas. Sou um buscador, vivente na interseção de onde obtenho experiências astrais.

Sou um livre espectro, sem raízes e crias, descobridor de filosofias e ciências. Tenho o semblante do poder da vida e morte, sou um miscigenado trilhando caminhos. No Duat e Abismo pesquisei os poderes escritos dentro de energias universais. Não sou servo ou escravo dos neteru, sou apenas um aliado de alguns.

- Mensageiro Obscuro.
Outubro/2007.

-- Glossário --

Abismo = Submundo dos mortos onde os espíritos guerreiam por sua sobrevivência, evitando a segunda morte. Quem sobrevive nessas terras torna-se uma divindade local.

Akh = Termo usado para referir-se a alma imortal conseguida no pós-vida. Resultado da fusão de Ba e Ka que cria o espírito transfigurado que será julgado pelos 42 juízes na Sala das Duas Verdades. Era a força divina, a alma imortal.

Anúbis = Neter egípcio do submundo dos mortos, mumificação, auxiliador no julgamento, representante da imparcialidade e racionalidade. É representado como um homem com cabeça de chacal ou cachorro preto. Seu culto era realizado na cidade de Cynopolis e possui templos-cemitério para o treinamento de seus discípulos e cultistas.

Ba = Correspondia ao espírito, era a parte mental do humano.

Duat = Morada dos deuses egípcios, local místico poderoso onde os deuses passam a maior parte de seu tempo, onde vivem entre seres de grandes potencialidades.

Jehuty = Neter egípcio do conhecimento, intelectualidade, magia, mistério, ocultismo e Lua. É representado como um homem com cabeça de íbis ou macaco babuíno. Seu culto era realizado na cidade de Hermópolis, onde discípulos e cultistas treinavam seus conhecimentos em templos-biblioteca. É chamado pelos gregos pelo nome de Thoth.

Ka = Estranha dualidade do morto: alma com guardião e corpo vital com gênio protetor.

Neter = Neter é uma palavra em egípcio sem tradução exata. A antiga religião egípcia, diferente do que muitos pensam, cultuava um único deus. Sendo este supremo, eterno, imortal, onisciente, onipresente e onipotente. Mas este deus aparece de várias formas e aspectos, os neteru (plural de "neter" no masculino e "netert" no feminino). Os neteru egípcios não eram pessoas imortais para serem adoradas, mas sim ideais e qualidades para serem honradas e praticadas possuindo aspectos personológicos variados que juntos eram cultuados. Os arqueólogos e egiptólogos que estudaram sobre a antiga religião egípcia, traduziram neteru como deuses e deusas, dando totalmente a informação errônea de que tais seres são forças independentes.

Foto: "Bridge of Dreams" por Freydoon Rassouli.
Portal do artista: Rassouli

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sonhos Entre Escombros

Ainda divirto-me entre os escombros, ruínas de nossa civilização. Construímos nossas próprias covas quando abusamos do mundo. Sofro com nossa incompetência em fazer um mundo melhor. Dizem que sou pessimista... mas a realidade é mesmo péssima. Ainda temos conhecimentos e prazeres, mesmo assim não basta isso para melhorar. Para muitos sou louco por perceber que o mundo tornou-se lixo.

Vivemos um drama, uma tragédia, ainda sobra energia para mudar. O humanismo é uma grande solução, assim como a sofrida ecologia. Entre escombros sonho com um mundo melhor, agora podem rir de mim.

- Mensageiro Obscuro.
Junho/2008.

Foto: Escombros da II Guerra Mundial.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Meu Passeio Com a Milla Jovovich


Na semana passada assisti o filme Ultravioleta com a Milla Jovovich, ela estava linda como era de se esperar, daí depois ao dormir sonhei que eu saía do hospital estadual onde faço estágio na emergência com acadêmico de Enfermagem. Daí veio um Porshe prateado muito bonito que sem dúvidas valia uma nota preta, quando me aproximei do carro para contemplá-lo o vidro fumê abaixou e quem estava lá dirigindo solitária? Ela mesma: Milla Jovovich!

- Cara... isso é mentira! Essa mulher não vai me dar mole...- pensei logo.

Milla abaixou o teto do carro, pois o Porshe era conversível e me perguntou se eu estava livre do estágio do hospital, eu disse que acabei tudo e estava pronto para sair. Ela usava um óculos escuro de armação prateada, eu não acreditava, ela falava português fluente com sotaque eslavo, que charme!

- Sobe aqui lindinho que te levo para um passeio. Esqueça o ponto de ônibus hoje, temos muito a fazer juntos - disse Milla com um português com forte sotaque ucraniano, ao mesmo tempo era incomum e sensual ouvir aquela voz delicada e exótica.

Nem pensei em nada, fiquei levemente perdido, entrei logo no carro. Senti a brisa no rosto e o conforto de um carro de luxo europeu.

- Pisa fundo Milla! - eu estava animado. Milla acelereou dentro dos limites permitidos.

Rodamos por Niterói, eu no Porshe prata com aquela mulher linda ao meu lado, aproveitei para esnobar, pois não é todo dia que recebo uma carona de uma mulher desse nível. Pensei no sonho que trepar com mulher feia agora seria coisa do passado, agora só teria a Milla na jogada. Passei em frente à minha faculdade, olhei para aqueles playboys toscos com suas patricinhas sem cérebro, foi aí que um playboy otário. Empinei a cara enquanto o vento batia em meus longos cabelos, eu me sentia o máximo.

- Aí Obscuro, tá só na carona... Ah... vai "arroz". Só acompanha! - disse um playboy escroto que detesto.

Fiquei irado, odeio babaquice comigo em qualquer situação, em especial quando estou com uma mulher ao lado. Estávamos perto da pizzaria, Milla olhou para ele com nojo, e mesmo a cara de zangada dela é um espetáculo.

- Ninguém fala assim com você na minha frente! - Milla falou com tanta firmeza, fiquei impressionado.

Vi aqueles lindos olhos por detrás do óculos, que bela visão... que sensualidade, coisa de louco, aquela boca expressiva também era um espetáculo! Milla estacionou o carro, saiu e deu a volta, eu saí também e íamos até a pizzaria, o playboy babaca ficou afastado a nos observar, então entramos. Milla disse que pegaria a pizza e refrigerantes para a gente. Eu fiquei ali fora encostado no carrão, já havia tirado meu jaleco. Evitei brigar daquela vez, então o playboy tentou se aproximar dela e jogou umas cantadas toscas e ela já estava com raiva. Tentei chegar junto para tirar satisfações com o playboy, mas antes que eu me aproximasse ela foi mais rápida, enquanto eu segurava a caixa de pizza com as duas latas de refrigerante a minha musa deu um chute no saco do paspalho. Ela veio até o carro, peguei a caixa de pizza e entramos no carro maravilhoso dela.

- Não vai esnobar mais um pouquinho? - Milla sorriu maliciosamente, mordeu seus próprios lábios e entendi que ela queria um beijo. Beijei-a suavemente segurando a caixa de pizza, ela segurava os refrigerantes. O povo fútil da faculdade ficou impressionado. O Obscuro agora beijava a Milla Jovovich... isso merecia matéria no jornal acadêmico. Não é todo dia que um cara desconhecido fica com uma atriz, ex-modelo, estilista, cantora e musa dos marmanjos e nerds.

Entrei no carro, fiz “piru” para um bando de babacas, aí ela me puxou e meu deu um beijo mais intenso, seguiu com o carro e logo estávamos dando a volta para seguir rumo ao MAC (Museu de Arte Contemporânea) em Niterói, era de tarde, saímos do carro, conversamos, comemos e bebemos por lá. Um baita clima de romance, eu pensava que tinha ganho na loteria, o melhor é que ela falava português e conversava como uma mulher bem inteligente. Que tesão, então namoramos muito observando a paisagem enquanto vinha o pôr do sol, ela sorria e ficávamos abraçados, eu me senti “o cara”.

- Vem comigo... tive uma idéia louca – eu disse a ela com bastante malícia enquanto a beijei no pescoço. Ela entendeu que o clima esquentou entre nós.

Descemos até a escada do bistrô do MAC, nos beijamos e começamos a nos acariciar. Era quarta-feira e tudo estava bem deserto, ela estava com um vestido roxo bonito e elegante com um decote discreto e seus joelhos à mostra, tinha botas roxas curtas de bico redondo e salto médio. Tudo parecia tão real... meus sentidos me enganavam nesse sonho, meus instintos estavam intensos enquanto o desejo onírico me tomava firme com aquela sedução fascinante. Tivemos beijos, mordidas, toques, arranhões e amassos intensos colados a uma parede enquanto a brisa batia em nossos corpos. Sua pele clara já estava vermelha após tantos apertos, então o segurança nos viu.

- Tá certo que a mulher é bonita e gostosa, mas tem motel aqui em Niterói. Fora daqui sortudo! - o segurança ria e sacudia a cabeça, Milla botou a língua para fora em careta e sorriu. Virou-se comigo segurando sua cintura, fiz uma cara de "deixa que eu cuido disso" para o segurança e fui embora.

Voltamos na direção do carro, tiramos fotos pelo pátio do museu, nos comportamos como bons cidadãos quietos e discretos, mas nossos rostos falavam o inverso. Seguimos de mãos dadas só namorando e contando histórias engraçadas. O mais cômico é que ela me conhecia pela internet. Tá certo que já saí com mulheres da internet e não foram poucas, mas nunca dei sorte tão grande na vida real como nesse sonho.

- Tá afim de uma loucura só nossa? - Milla propoz uma safadeza, dando estalinhos na minha boca, então eu fiquei pensativo.

- Diz o que é... Eu decido se vamos ou não – eu não ia dar tanto mole assim de cara.

- Pára de se fazer de difícil! Meninos maus como você apanham mais, sabia? - Milla tirou os óculos e os colocou na bolsinha prateada com que andava. Ela apontava um dedo para minha boca e fingi que ia mordê-lo. Ela sorria de boca fechada e passava a língua pelos lábios... maliciosa e pensativa.

- O que você propõe minha querida? - eu agora estava curioso, adoraria negociar uma diversão a dois.

- Vamos logo para um motel ótimo que conheço... até telefonei para lá, eles estão com muitas vagas hoje – Milla mordeu os lábios e passou a língua entre eles, ainda mais maliciosa que antes. Pensei que aquela noite prometeria surpresas e prazeres incríveis.

Voltamos para o carro, ela fechou o conversível e começamos a nos divertir, no carro mesmo. Milla beijava meu pescoço e bem de leve começava a me morder, retribuí a carícia e comecei a alisar suas coxas. Então ela batia nas minhas mãos dizendo que eu era um menino mau e não merecia tal intimidade. Novamente minhas mãos a alisaram, nos beijávamos, um pouco lentamente e depois ficávamos mais frenéticos, eu alisei suas costas e sentia um zíper ao meio, abaixei devagarinho e senti seu sutiã e toquei sua pele aquecendo ao meu toque, era suave e macia tão lisa e gostosa ao toque que é difícil definir, o perfume dela era o Hypnotic Poison da grife Christian Dior para o qual ela fez propaganda do mesmo, como adoro esse perfume! Com classe e cuidado eu abri com uma só mão a junção de seu sutiã e com a outra mão alisava seus cabelos carinhosamente, o soutien caiu por dentro da roupa.

- Safado! Ainda não vamos fazer aqui...guarde o doce pra festa! – disse ela com a voz ofegante e com uma falsa seriedade.

- Eu garanto que o doce não vai derreter aqui no carro, aqui é só a "entrada". O "prato principal" é no motel - eu ria com a situação e ela fingia que não queria que eu visse seus seios, mas eu os vi, ela me provocava e em poucos minutos vi seus mamilos rosadinhos e aquela pele branquíssima me deixava louco de desejo. Fiquei muito louco com aqueles seios, mas me contive, eu estava eretíssimo, com muito desejo mesmo, mas me segurei e isso aumentava minha tensão e tesão.

- Agora que viu pode brincar com carinho, brinque com meus seios – disse a musa branca ao deixar as alças do vestido caírem, deixando os seios nus. Não me contive e comecei um série de carícias com as mãos e boca nos seios dela, então ela abriu minha camisa com ferocidade e chupou e mordeu meus mamilos ávida por me provocar desejo. Eu acariciava aqueles cabelos macios suavemente e aquele pescoço pequeno e delicado estava com os pêlos da nuca arrepiados enquanto ela me chupava no peito, ela estava com o corpo quente e gemia forte durante a brincadeira, até me mordia só para me ouvir gemer baixinho.

Fomos para o banco de trás e nos acariciamos muito, estávamos excitados, mas não queríamos transar no carro, ainda não era o momento. Ela estava sentada no meu colo de frente para mim rebolando sobre minha calça e arranhava minha barriga, então eu lhe dei uns tapas na bunda, ela ria com a maior cara de sem-vergonha, chegou a me lembrar as mulheres criadas por Nelson Rodrigues, grande escritor e cronista. Mandei a Milla para o banco da frente, ela foi uma boa menina e obedeceu-me fazendo um biquinho de triste, puro teatrinho dela. Adorei!

- Dessa vez eu dirijo e por favor, não faça gracinhas senão a gente bate e aí vai ser um problema sério para nosso encontro – eu a desejava demais e me continha, estávamos com as roupas amarrotadas e quase suados se não fosse o ar condicionado potente do carro dela.

Dirigi e segui até o motel, estacionamos lá dentro. Saímos do carro, passei no balcão e ela falou com o balconista sobre reservas, então pegamos um bom quarto. Paguei o balconista uma pernoite em espécie e subimos. Nos corredores não tinha ninguém, estávamos tão excitados... Milla me atirava contra a parede com tesão e fúria e me beijava frenética até rosnando, me mordeu os lábios duas vezes e quase sangrei. Fiquei mais agressivo e também passei a correr atrás dela pelo corredor com cuidado para não fazer barulho. Ela corria muito e como era bem cautelosa não incomodava os outros quartos. O corredor era enorme, mas ela sempre se fingia de lerda só para que eu a puxasse com força pelos braços ou pela cintura. Ficamos brincando assim por uns tempos, mas ela sempre dava um mole para levar uns puxões de cabelo e tapas na bunda sem exagero, que brincadeira gostosa!

Quando Milla estava perto eu a beijava no pescoço e ela ria, tentava fugir risonha e fingia não querer nada, mas era tudo um jogo e ela era boa em brincar. Entramos no quarto finalmente, 4º andar, quarto 404. Entramos e fomos logo tirando a roupa, então entramos na banheira juntos completamente nus. No sonho ela não tinha seus 1,73 m, Milla era pequena do jeito que gosto, devia ter cerca de 1,60 m enquanto eu tinha meus 182 centímetros de altura que marcavam uma certa grandeza física que a excitava. Nos banhamos ainda excitados, mas sem transar, foi nesse momento que nos banhamos e deixamos a banheira encher para então desfrutar da mesma.

- Gosto de jogos de sedução, Ursão. Foi ótimo escolher a pernoite, pois 4 horas de estadia nesse motel não são suficientes para saciar nossos desejos – ela ria sarcasticamente e me olhava agora levemente tímida, mas era tudo brincadeira, ela sabia o que queria e não recuaria.

Nos beijamos na banheira, fizemos massagens, nos tocamos e as coisas se intensificavam, retomávamos o ritmo das brincadeiras do corredor. Mas que desagradável... aqui no meu mundo real meu celular tocou de manhã para me acordar. Levantei da cama com uma cara de raiva, então minha mãe abriu a porta e me encontrou só de bermuda com um grande volume e perguntou.

- Obscuro, como você explica essa cara de raiva e essa ereção? - minha mãe foi incisiva e perguntou o que não devia.

- Dessa vez começo pelo fim: a causa da ereção é a Milla Jovovich, que você vai dizer que nunca ouviu falar nela. Já a minha cara de zangado é idêntica a careta que você fez quando interrompi seu sonho erótico com o Richard Gere. Estamos quites! - respondi rispidamente.

Lá se foi meu sonho erótico, nem deu para completar o sonho. Tive um dia tedioso na faculdade, encontrei aquele mesmo payboy babaca da faculdade com aquelas piadas sem graça, passei naquela pizzaria e apenas olhei as pizzas na vitrine pois estava somente com a grana da passagem. Não tive nenhuma conversa interessante em nenhum local pelo qual passei durante o dia, ao chegar em casa ninguém interessante apareceu no orkut e MSN, só notei gente sem assunto que me adicionou por alguma razão. Mesmo tendo um dia ferrado tive um bom sonho interrompido, então será dificil esquecer esse meu passeio com a Milla Jovovich.

- Mensageiro Obscuro.
Setembro/2008.

Foto: Milla Jojovich em campanha publicitária para o perfume "Hypnotic Poison" por Christian Dior.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A Cobaia Social

Observando as coisas como surgem penso às vezes que sirvo como cobaia em testes de alguma espécie de teoria de conspiração consistente em diversos focos independentes que sempre me põem como figura social incompreendida e dificilmente rotulada. É bem difícil rotular alguém tão versátil, talvez seja fácil incrementar conceitos relacionados em sinônimos relacionados à minha personalidade excêntrica e solitária tão incômoda para os indivíduos pré-julgados como "comuns". Na verdade todos temos peculiaridades, mas pessoas como eu nasceram exageradas nesse sentido.
Analisando casos decorrentes de péssimas interpretações perante meus ideais, gostos e desgostos, amores e ódios e demais motivações de meus conhecimentos empíricos e de meu estilo sibaritista, concluo que é difícil me relacionar em certa parte, pois minha linguagem nem sempre diz tudo que desejo e acabo por ser identificado como uma possível cobaia das más línguas que insistem em contorcer meus dizeres, além disso conseguem me ferir das dez maneiras que mais condeno: levantam mentiras sobre minha honra; ignoram-me sem listar motivos concretos; não cumprem o que me prometeram ou devem; mentem sobre mim sem me dar direito de defesa; brincam com meus sentimentos; me negam ajuda quando tem oportunidade em colaborar; são hipócritas comigo; ferem alguém de quem gosto sem motivos concretos; fazem comparações nocivas perante meu comportamento e demais estatísticas; e me embromam com algo que eu considero importante.

Diante de todos esses problemas de interação social eu vivo em um paradoxo: por uma lado vivo em constante conflito idealístico na presença de pessoas que não me compreendem, por outro lado convivo normalmente com minhas pessoas queridas, nunca me faltando numerosos e valorosos amigos dos estilos e utilidades mais variados, mesmo sendo exótico mostro-me amistoso e aberto a conversas profundas com aqueles que tem intimidade comigo.
Sou solitário por evitar me expor, por isso levo meses e até anos para saber se vale mesmo a pena que alguém entre em minha vida amistosa ou amorosa, pouco me importa quantos meses ou anos posso passar solitário, este fardo é sempre mais leve para mim por ser característico de minha natureza. Pessoas entram e saem da minha vida com frequência e assim prefiro, ficam os bons e saem os maus. Em uma breve definição, minha solidão se reflete ao fato da seletividade idealística e níveis metódicos de ganhos e perdas, podem me chamar de ultra-racional, mas acredito que estejam certos, minha emotividade é quase inexistente, quase nada me abala, salvo quando entram em jogo as atitudes que julgo por intoleráveis como já citei.

Antigamente eu sentia dores, hoje apenas tenho cicatrizes emotivas profundas, várias travas físicas e mentais que determinam mecanismos de defesa para todos os fins e isso me traz vantagens como um maior auto-controle de minhas ações e planos; e desvantagens como a insensibilidade emocional gerada pelo racionalismo hiperbólico que me torna uma espécie de autômato de carne, algo parecido com uma máquina avançada seguindo seu conteúdo programático, fazendo cálculos variados para obter êxito em suas metas e objetivos, sendo eles concretos ou abstratos. Tudo segue um fluxograma pouco variável e quase inflexível quando minha vida não consegue ser dividida em camadas de posses e idealizações, essa racionalidade extremista já me fez ver as pessoas como peças de xadrez a serem usadas como degraus para o alcance de meus desejos, hoje em dia estou a fim de esquecer rótulos como: "chave de acesso", "aliado eficaz", "aliado temporário" e "peça descartável", é uma maneira muito fria de encarar as pessoas, essa frieza chega a ser uma rispidez e um total desrespeito a todas as pessoas que me rodeiam. Atualmente já não as vejo dessa forma, mas permaneço medianamente gélido para evitar decepções.
Podem me chamar de narcisista também, por realçar meu egolatrismo e materialismo, tenho a impressão de definhar como se estivesse predestinado a lutar constantemente com meu lado oposto que mais parece uma analogia entre minha pseudo dupla personalidade, algo bem próximo ao embate dos personagens Dr. Jekill, o médico bondoso em sua humanidade e dogmas de conduta social e o Sr. Hide, o monstro de sua personalidade algoz com relação ao Dr. Jekill, psicótico e desprovido de travas psico-sociais. Lógico que não sou tão extremo como esses personagens, mas analogamente é uma referência bem cabível ao meu comportamento com bases dualistas.

Sinto-me uma cobaia a ter que sofrer por determinados resultados dos testes em mim aplicados, mas quem disse que as coisas boas são fáceis? Certamente seria muita preguiça de minha parte pensar que a vida será uma simples brincadeira e tudo virá conforme eu desejar, conflitos internos existem e são mais dolorosos que os externos, por isso prontifico-me a saber como sobreviver nesse enorme e perigoso laboratório que chamamos de vida.

- Mensageiro Obscuro.
2004.


Foto: "Sweet Memories" por Freydoon Rassouli.
Portal do artista: Rassouli

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Lúcifer Arquetípico

L uz brilhante que com exuberância seduz,
U ma personalidade poderosa é nossa marca,
C ondenados somos ao nos rebelar,
I nterpretação é a porta para a compreensão
F raqueza não persiste em quem luta e vence,
E nergia sem contraparte não existe,
R ebeldia é a libertação contra a opressão.

A rrependidos não se superam,
R ebanho é o grupo das marionetes,
Q uando os vermes nos atacarem
U niremos nosso poder contra eles.
E staremos prontos para lutar,
T rabalhamos por nossa autonomia,
I niciados na solitária estrada
P ara fazer o que desejarmos.
I nsistimos em destruir o Sistema,
C aímos e nos levantamos,
O rdenamos nossas próprias vidas.

- Mensageiro Obscuro.
Setembro/2008.

Foto: "Lúcifer" por Guillaume Geefs, 1848.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Tuas Aventuras Começam Aqui!

Sejas bem-vindo à minha cripta, dormi por muito tempo. Eis minha morada empoeirada nesse cômodo solitário, as folhas secas e o mármore gélido enfeitam meu lar. Oh! Minha criança de rosto assustado, tu me tiraste das entranhas desta tumba e agradeço-lhe por isso. Admire-me, pois sou único, sinto que sou teu sonho que virou realidade. Digo que teus estudos estavam certos! Tua pesquisa intensa é real, te direi a verdade sobre mim... Sou poderoso, lindo, rico, charmoso e você deseja ser como eu... Sou o que procuras! Sou um vampiro!

Consumo os fracos há muitas épocas, sentes medo? É lamentável que sejas assim. Consigo saber quem és, não temas... Veja minha boca com caninos afiados, observe-me atento. Sou dotado de poderes complexos, eu lhe recompensarei, sou generoso, portanto estude-me mais. Tens belas roupas extravagantes e maquiagens. Tudo de meu gosto, tu veste-se bem meu jovem mortal, desejo presentes assim... Obrigado pelo traje de vampiro que ironicamente as artes de seu povo criaram para mim... Estou trajando-me como escrevem em lendas de seus companheiros de espécie. Venha para perto de meu esquife.

Que veias pulsantes tens... Venha meu querido e alimente-me com essa delícia de sangue... Chega! Não me excederei, vais viver mais, pois tu és especial. Preciso de criminosos pra sugar, como também de um banho confortante. Apresente-me teu mundo nessa era, ajuda-me agora, meu amigo? Obrigado por não deixar esse deus aqui virar pó como tantos outros viraram e ainda hão de virar. Sou egocêntrico, mas posso amá-lo e treiná-lo.

Sejas meu discípulo por agora e adiante! Venha para mundos que sua consciência nega existir, acompanhe-me numa jornada insana e divertida vamos logo, aceite essa oferta, sejas uma boa criança... Talvez eu lhe dê o Presente das Trevas. Temos um segredo. Recapitulando: tuas aventuras começam aqui!

- Mensageiro Obscuro.
Fevereiro/2006.

-- Glossário --

Termos baseados nos livros da saga das crônicas vampirescas de Anne Rice:

Criança = Gíria vampírica para um vampiro neófito e também usada por uns vampiros para definir um discípulo humano.

Presente das Trevas = É a transformação de um mortal em vampiro, do qual herda poderes e sua maldição imortal. Consiste basicamente em ter uma boa parte de seu sangue sugada pelo vampiro e depois tal sangue misturado circulante no corpo do vampiro é doado em pequenas doses ao vampirizado que o suga direto do corpo do monstro para se tornar um amaldiçoado como ele.

Foto: "Lestat" por Norma Peters. Obra inspirada nos livros das Crônicas Vampirescas de Anne Rice.
Portal da artista: Norma Peters

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Estrela Sombria

Conheci uma mente poderosa e encantadora, dona de uma racionalidade complexa, excêntrica em forma e conteúdo. Reclusa, tão longe em sua torre nebulosa, eis a dama exótica forjada nas trevas, teu brilho diferente a tornou na Estrela Sombria! Ela é um farol num reino de sombras com potencialidades tão raras. É pura personalidade e poder, expressiva em filosofia e artes. Possui mistérios e segredos opacos, pouco decifráveis até aos íntimos.

Por vezes feriram teu corpo e mente, sobraram cicatrizes como provas. Em estudos de pesquisa e misticismo talvez ela seja vampira ou até demônio. Realidade ou mitologia, tese e antítese, híbrida essência mórbida, pálida fêmea. As belezas da decadência e dor existem, mas somente os mais sensíveis as captam.

Sua estranheza gera curiosidade contínua revelando criatura tão única e companheira. Por trás de sua blindagem existem atrativos que guardam mundos distantes e belos. E de tantas estrelas nos céus poucas estrelas brilham tanto em meu Universo.

- Mensageiro Obscuro.
Janeiro/2006.

Foto:"The Commander" por Freydoon Rassouli.
Página do artista:  Rassouli

domingo, 20 de setembro de 2009

Lar de Minha Tristeza

Folhas secas caem em meu solo infértil, folhas tão secas como meu coração por dentro, estátuas desgastadas, quebradas e empoeiradas enfeitam minha morada tão decrepita. Todas elas tão esquecidas quanto meus sentimentos antes intensos e um dia tão quentes. Meu sarcófago está aberto e ansioso pelo meu corpo ainda tão vivo, minha alma está aderente ao sabor curioso e esperado da morte, não mais tenho esperanças em viver. Dor, tristeza e sofrimento transbordam, solitário estou, esperando o beijo da morte, e o lar de minha tristeza ainda está erguido! Beije-me, sentencie-me ao fim, faça de mim uma pedra! Que eu seja a pedra na cabeça dos inimigos, que sintam minha dor e angústia em seus corpos. Para a glória de meu ego, abandono o perdão e digo: maldita hora em que nasci e cresci!

Lágrimas e dores corroem meu tolo espírito, seres espectrais perturbam-me em solo sagrado, sacerdotes macabros fingem benevolência, eu os odeio e eles fingem me amar. Lar de minha tristeza, dor em minha morada, eis meu refúgio do martírio nessa sentença decadente! Prisão secreta onde choro sem temor de ser visto, onde o solo comerá de minha carne aos meus ossos. Agora deixem-me saborear as desilusões de minha vida morta enterrado no lar de minha tristeza.

- Mensageiro Obscuro.
2005.

Foto: Algum túmulo em um cemitério (arte cemiterial e tumular).

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Dupla Existência, Existência de Duplo

Caminhei como um fantasma em matéria e também em espírito, a mortalha que me cobre é mutável como minha forma. Hoje sou amigo de vivos e mortos, com ressalvas lógicas e a alcova onde durmo é um sarcófago em um mausoléu. Descobri mistérios da morte e agora recebo oferendas, tenho sentidos e habilidades incompreensíveis aos vivos. Libertei-me da fragilidade mortal, estou imortalizado, tenho ciência de outros planos e sou parte de algo maior.

Anúbis me guia até os portões, Jehuty relata minha vida, Maat retira sua pluma, Seth me acusa, todos me observam. Osíris, Ísis e Hórus aguardam meu espírito transfigurado. Parte de mim é Ba, parte é Ka e juntando-os sou Akh. Tenho quarenta e dois juízes antes do Amenti ou Abismo, meu coração será avaliado e apenas aguardo o resultado final. Vivo agora minha dupla existência, minha existência de duplo.

- Mensageiro Obscuro.
Janeiro/2008.

-- Glossário --

Abismo = Local onde os espíritos são jogados após o julgamento dos 42 juízes do Amenti. Nesse local os espíritos que tiveram sua consciência mais pesada que uma pluma terão de guerrear onde somente os mais poderosos sobrevivem, tornando-se divindades locais.

Akh = Termo usado para referir-se a alma imortal conseguida no pós-vida. Resultado da fusão de Ba e Ka que cria o espírito transfigurado que será julgado pelos 42 juízes na Sala das Duas Verdades. Era a força divina, a alma imortal.

Amenti = Templo mitológico egípcio aonde as almas dos mortos eram reunidas depois da morte, para serem julgadas por Osíris e por outros neteru. Correspondia a uma parte intermediária conectada a outros destinos espectrais, onde as almas já julgadas seriam destinadas a existir.

Anúbis = Neter egípcio do submundo dos mortos, mumificação, auxiliador no julgamento, representante da imparcialidade e racionalidade. É representado como um homem com cabeça de chacal ou cachorro preto. Seu culto era realizado na cidade de Cynopolis e possui templos-cemitério para o treinamento de seus discípulos e cultistas.

Ba = Correspondia ao espírito, era a parte mental do humano.

Hórus = Neter egípcio filho do neter Osíris com Ísis ao qual os aspectos dos céus, sol e lua são associados. É representado como um rapaz com cabeça de falcão. Quando Osíris foi morto por obra de Seth o jovem Hórus caçou seu tio, perdendo o olho direito e castrando seu inimigo, então assim se tornou o deus dos vivos.

Ísis = Netert egípcia irmã e esposa de Osíris e mãe de Hórus a qual os aspectos de protetora da natureza e magia, maternidade, fertilidade e amizade, entre outras coisas. Sua forma animal é por vezes a de uma vaca (associada a Hathor) ou abutre (quando cuidava dos pedaços de Osíris).

Jehuty = Neter egípcio do conhecimento, intelectualidade, magia, mistério, ocultismo e Lua. É representado como um homem com cabeça de íbis ou macaco babuíno. Seu culto era realizado na cidade de Hermópolis, onde discípulos e cultistas treinavam seus conhecimentos em templos-biblioteca. É chamado pelos gregos pelo nome de Thoth.

Ka = Estranha dualidade do morto: alma com guardião e corpo vital com gênio protetor.

Maat = Netert egípcia responsável pela verdade e justiça, também é a representante do equilíbrio da vida e morte. É representada por uma mulher jovem exibindo na cabeça uma pluma de avestruz.

Osíris = Neter egípcio responsável pelas técnicas necessárias para criar a civilização humana como a agricultura gerando colheitas fartas, assim como também tem o controle sobre águas do rio Nilo, é o deus da morte do Egito antigo. Representado como um homem de pele verde, podendo estar ricamente vestido tanto como humano de pele verde ou múmia faraônica. Ele é o principal entre os 42 juízes que presidem julgamentos aos espíritos na "Sala das Duas Verdades", onde se procedia a pesagem do coração ou "psicostasia". Osíris é mitologicamente apresentado como filho de Geb e Nut, irmão e marido de Ísis, pai de Hórus e irmão de Seth.

Foto: "Chakras" por Alex Grey.
Portal do artista: Alex Grey

sábado, 8 de agosto de 2009

Pinturas de Guerra

Sinta a energia crescer em ti,
tome-se por tua fúria
e esqueça a civilidade.
sejas brutal.

Abandone essas roupas,
use pinturas de guerra,
gire tua cabeleira e rosne,
grite e urre... sinta.

Instintos clamam liberdade,
enquanto músculos
adaptam-se ao frenesi
e tua fera quer lutar.

O corpo é uma grande arma,
a bestialidade é seu escudo.
Cicatrizes são medalhas,
tu és arma viva.

Desça feroz na arena,
extraia o néctar da carne,
aniquile seu inimigo
Nessa noite de carnificina.

- Mensageiro Obscuro.
Agosto/2009.

Foto: Índio guerreiro da tribo Pataxó. Imagem obtida pelo Google Imagens. Sem referências.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Fantasma do Passado

Tenho marcas, grandes diversões e sofrimento,
nos ferimos com palavras e gestos,
momentos, jamais entregues ao esquecimento,
por orgulho larguei-a sem deixar restos.

O Fantasma do Passado saído da cova
Procurava-me, memórias no baile louco
de nossa inconstância.
Artes, luar, vinho e risos!

Muitas histórias a revelar
De mãos dadas em danças na efemeridade
Dos toques, novamente fomos unidos
como adultos sem esperanças.

Viveríamos um intenso e novo auge,
sem promessas e predileções,
como crianças ingênuas em
um mundo embaçado pelo nosso torpor...

- Mensageiro Obscuro.
Outubro/2007.

Foto: "The Crow" por Gustave Doré.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Alma Cansada

Acabaram-se aqueles bons momentos,
resta a saudade, frio, dor e vergonha.
não mais creio em meus sentimentos,
a intensidade cessou, veio o vazio.

Memórias, lamúrio de uma alma cansada,
a realidade construiu um destruído,
os ossos ainda seguram a carne surrada,
pensamentos e emoções, nada com sentido.

Morbidez, triste fim, depressiva essência,
o cansaço. Oh! cansaço que me consome!
Fantasmas mesclam-se à minha essência,
bebo sem sede, mordo algo sem fome.

Desilusões são minhas maiores convicções,
não tenho esperanças nem mesmo sorte.
a miséria morde-me sorrateira e furtiva,
nada mais quero, basta-me o gelar da morte.


- Mensageiro Obscuro.
Junho/2007.


Foto: "Hamlet and Horace au cimetière" por Eugène Delacroix, 1839.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Descobertas a Dois

A bela porcelana encantou-me,
exposta em seu manequim,
bibelô sedutor de meu desejo,
era sua pele alva e macia.

Uma fenda de pele e marfim brilhou,
Chamativa e arrepiante,
emissora de palavras mágicas,
essa era sua boca esfomeada.

Brilhantes refletindo meu rosto,
fendas sinuosas para ogivas,
de soslaio provocam-me,
eram seus olhos pedindo retorno.

Perdi-me aos toques sedosos
de madeixas curtas e pretas,
que emolduravam aquele rosto
de expressão tão afetuosa.

Em suas expressões maliciosas,
não me respondeu o que queria,
Mastigava minha curiosidade
em um prato incognitivo.
Entregou-se aos desejos
do utópico amor romântico,
onde morreu a rotina
ao nascer de novos sentidos.

Éramos "bon-vivants"
num filme "noir",
sem eternidade e perfeição
apenas humanos como somos.
Doce elo líquido, o vinho
em leves goles de nosso prazer.
Nossas descobertas a dois
despidos de máscaras e capas.

Essa noite é com ela, pouco importa o depois.


- Mensageiro Obscuro.
Fevereiro/2009.


Foto: Arte fotográfica erótica. Referências não encontradas.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Oferenda a Anúbis

Senti um chamado familiar ao caminhar nas areias, uma voz grave me atraiu na noite estrelada, entre covas e mausoléus corri na névoa mortuária. Eu encontraria alguém e estava preparado, entrei em uma pirâmide no frio desértico. Trajando minha capa esvoaçante e artefatos, desci longas escadas na penumbra da cripta, com suas pinturas e símbolos pelas paredes. Necromantes estudavam seus livros e pergaminhos e novamente fui chamado pelo meu grande pai Anúbis.No Templo-cemitério marchei entre a escuridão e tochas, o chacal imponente tornou-se híbrido e conversamos, o Guardião dos Mortos anunciou uma nova batalha e precisei do empréstimo de seu poder mortuário vindo do submundo de estudos, sombras, frio e silêncio.

Na morte fiz minha vida, na vida fiz minha morte, lacrei sonhos infrutíferos e ergui meu machado contra mortos-vivos, donos de essência impura. Exterminei aberrações naquela dura missão interrompendo o retorno dos malditos com a necromancia. A luta contra os filhos da morte foi implacável, a oferenda a Anúbis foi entregue.


- Mensageiro Obscuro.
Fevereiro/2007.


-- Glossário --

Anúbis = Neter egípcio do submundo dos mortos, mumificação, auxiliador no julgamento, representante da imparcialidade e racionalidade. É representado como um homem com cabeça de chacal ou cachorro preto. Seu culto era realizado na cidade de Cynopolis e possui templos-cemitério para o treinamento de seus discípulos e cultistas.

Capa e artefatos = Traje cerimonial com objetos dotados de poderes místicos típicos de uma ordem de mistérios, que necessita de uma disciplina notada por símbolos sociais e espirituais.

Chacal = Anúbis em forma animal, também representado por um cachorro preto. Uma transfiguração do neter que vagava pelas áreas mortuárias.

Guardião dos Mortos = Um dos muitos títulos para identificar o neter Anúbis.

Necromancia = Magia que utiliza contatos e manipulação de mortos nos processos de funcionalidade mística.

Necromante = Mago que aprendeu a usar a necromancia.

Pinturas e símbolos = Menção a arte literária e mensagens da religião egípcia representadas nas paredes dos templos, assim como nas cavernas homens pré-históricos registravam sua história cotidiana com sua pintura rupestre, uma das primeiras linguagens visuais segundo a antropologia.

Pirâmide = Construção funerária que servia de mausoléu para guardar um cadáver e seus pertences, sua forma representa os raios de Rá, o neter sol supremo neter egípcio das eras antigas. Tem grande poder espiritual e um significado profundo.

Poder mortuário = Menção a necromancia.

Submundo = Poderia ser o subterrâneo comum, mas essa expressão refere-se ao mundo dos mortos.

Templo-cemitério = Estilo de templo usado pelos cultistas de Anúbis, um templo construído dentro de um cemitério ou um templo com um cemitério dentro para estudos e contatos com a morte.


Foto: Estátua do neter egípcio Anúbis. Sem referências encontradas.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Caverna dos Prazeres

Não preciso dizer o que sinto,
quando tu mordes os lábios
chama por uma fera adormecida,
residente neste corpo que a seduz
e não fujo de meus instintos.

Sou macho alfa, é minha natureza.
conheço teu jogo e tuas manhas,
aceita-me como o animal que sou,
não tente compreender
o mistério que me habita.

Em teu pequeno corpo, desejos
estampados em letras transpiradas,
antes reprimidos, agora livres.
domino-a, suave e feroz,
seu desejo e medo misturam-se.

Perde-se na caverna dos prazeres,
e agora és minha presa.
entre gemidos prazerosos, calores
risos malicentos e lascívia!
Abocanhada em várias mordidas.


- Mensageiro Obscuro.
Julho/2009.


Foto: Caverna do Diabo - SP. Foto encontrada no Google Imagens.

terça-feira, 14 de julho de 2009

O Arlequim Tragicômico


Tenho que entender que a vida nem sempre pode ser analisada como um monte de análises críticas, cálculos, metodismos, reformulações mentais e demais conceitos que agilizam ou atrasam minha evolução. A evolução de consistir em taxas de equilíbrio entre minhas atitudes ofensivas e defensivas, amistosas e inimizantes e entre tantas outras dualidades presentes em meu ser.
Noto que consigo ser uma das poucas pessoas que eu conheça que é tão dualista com emoções, a maior prova disso é o meu amor e ódio interno que engloba até a mim mesmo, eu sou talvez o único que consegue amar-se e odiar-se, oscilando em diversas fases de aderência e ostracismo sociais para a reformulação personalística, isso causa diversos conflitos interiores causadores de falhas psíquicas retráteis, algo parecido com um sincopismo de fatos e uma inconstância muito estranha.
Já passei por várias revoluções internas, elas me melhoram, mas é esse o alto preço do poder: perco minha humanidade me tornando automático e programado, cada vez mais insensível e chega a ser cômico como pareço um arlequim a rir de minha própria desgraça fazendo de minha vida um palco de emoções e atitudes intensas, harmônicas e desarmônicas. Eu posso dizer que sou meu melhor amigo e meu pior inimigo, pois ora faço o que preciso, ora me acovardo e sou corajoso o suficiente para admitir meus erros e desejo melhorar, isso me torna superior a muitas pessoas, ao mesmo tempo noto que ninguém é superior, cada pessoa possui uma série de pontos antagônicos e nesse antagonismo contínuo aqui estou.

É complicado estar sempre explicando como as coisas funcionam em minha mente, às vezes tenho a impressão de pensar em duas coisas por vez e ao mesmo tempo minha versatilidade se aplica a atitudes físicas pouco complexas, mas consideravelmente talentosas para alguém jovem, nem por isso acho-me brilhante, pelo contrário. Nunca é bom pensar que sou o melhor, mesmo pela razão de não o ser e em seguida por saber que posso ser alguém melhor a cada vez que descubro uma nova falha. E mais uma vez como um arlequim risonho a encantar a platéia eu estou protegido atrás de minha máscara e divirto-me solitariamente.
Vivo sendo criticado pelo meu perfeccionismo e auto-modelagens sucessivas, sou quase obsessivo quanto a minha expansão e que em algumas ocasiões pareço ter uma indignação com minha vida, acredito que eu seja insatisfeito com quase tudo, posso ser catalogado como alguém de "espírito perturbado" por ser sempre tão penetrante em metas de autocorreção e expansões comportamentais.

Como se fosse o grande artista que não sou, quem sabe um simples arlequim tragicômico diante do palco social, digo que só sou um homem em busca da minha evolução física, mental, profissional e espiritual e nada irá me fará mudar meu estilo em prol do sacrifício de minha felicidade egoísta para realizar o crime de agir como a sociedade quer, criando a felicidade altruísta; em seguida abaixo as cortinas do espetáculo e me retiro desse palco virando-me de costa bruscamente ignorando essa grande platéia dissimulada.


- Mensageiro Obscuro.
2004.

Foto: "Arlequim e Pierrot" de André Derain, 1924.

Vivendo Entre os Seres Cíclicos

É perturbador viver em um mundo no qual sou impossível de me encaixar. A maioria das pessoas são vítimas do que chamo de Sistema Vital Cíclico, em que as pessoas se prendem a padrões para felicidade, opiniões, preferências, objetivos, estética, vestuário e outros fatores para seguir em modo linear um padrão de vida que engloba desde o interior ao exterior do indivíduo. Pessoas cíclicas costumam apresentar as seguintes características comportamentais: acreditam em verdades absolutas e aceitam imposições; fazem vários atos sem medir consequências; são facilmente manipuláveis e vítimas de modismos; aparentemente vivem sem propósitos específicos como se viessem ao mundo para passar férias; acreditam em padrões únicos para se chegar a um objetivo; casam-se e tem filhos por mero hábito como se fosse uma obrigação social e não tem muito o que ensinar a seus filhos na maioria das vezes; quando tem filhos não aceitam que eles sejam muito diferentes deles, agindo com pré-conceitos e desejam que seus filhos sejam cópias de si mesmos; não aceitam exotismos a menos que estes sejam aceitos pela sociedade burguesa e da mídia de massa; não costumam se rebela contra nada que atrapalhe suas vidas por julgarem-se fracos perante o mundo; não tentam entender as pessoas diferentes e chamam de loucos todos que não são como eles; e sabem rir do que e de quem desconhecem por serem ignorantes e temem o desconhecido sem estudá-lo por ser mais fácil excluir do que tentar entender.

Em resumo pessoas cíclicas não estão aptas a conviverem comigo sem me julgar como insano, que por sinal é algo que com certeza não sou. Já fiz exames de saúde mental e foi constatado duas vezes que estou acima da média de sanidade mental, por outra interpretação posso ser insano se for interpretado pelo fator de equilíbrio. Como disse uma professora do primário para minha mãe certa vez: "Ele não é maluco, é apenas uma criança muito estranha." O pior não é me julgar negativamente e sim fingir que me aceita e entende, estou sempre disposto a esclarecer dúvidas ao meu respeito, mas atualmente estou desistindo dessa idéia, tem gente que entende tudo errado como já senti na pele as graves consequências sendo acusado de ser o que não sou e fazer o que nunca fiz. Ser pré-julgado negativamente é horrível, eu senti na pele e não desejo a ninguém (talvez somente aos piores inimigos...)...
É bom frisar que não são todas as pessoas comuns que são tão fechadas para uma percepção mais apurada a respeito das coisas da vida, mas estas são raras, geralmente as pessoas cíclicas são estagnadas, limitadas, ignorantes, incompreensivas, alienadas, conservadoras, unilaterais, e dependem de mentalidades pré-formuladas.
Já as pessoas incomuns, que são muito raras, são expansíveis, ilimitadas, compreensivas, conscientes, multi laterais e criam suas próprias mentalidades. Em suma, podemos dizer que é traçada uma linha dualista entre a normalidade e a anormalidade, ser anormal não é algo negativo, apenas ilógico para quem não entende a diversidade personalística. É possível notar que os grandes homens e mulheres da humanidade que se imortalizaram por seus feitos e obras eram pessoas anormais, pois o normal só copia e julga mal, já o anormal cria e modela. A produção intelectual pode provir de pessoas julgadas normais, mas estas costumam ter potencialidades bem reduzidas se comparadas com pessoas excêntricas, exóticas e que estão intelectualmente à margem da sociedade.

Falar para uma pessoa cíclica sobre coisas fora de seu entendimento pode ser um erro fatal sujeito a a ser negativizado perante outros sentimentos e emoções nocivas quanto ao ser diferente e é justamente por isso que passo ao explicar sobre tudo que sou, por isso me protejo em mistérios e enigmas que só podem ser solucionados por pessoas muito especiais que posso contar nos dedos.
Não posso me revelar para todos que conheço, os efeitos são muito perigosos e tem coisas que não posso explicar. As respostas são complexas demais para mentes vãs e fracas, por isso meço quem me rodeia e só permito a poucos que me conheçam além do limite estipulado.
Sou obscuro mesmo, ou seja, significa que não posso ser compreendido por pessoas comuns, somente pessoas mentalmente maduras conseguem entender uma parte do que sou e percebem as pistas misteriosas que dou sobre mim. A maturidade não se refere a idade e sim atitudes e gestos que provam que o indivíduo cresce constantemente. É tudo como um enorme quebra-cabeças, mas só posso dar no máximo 70 das 100 peças do meu tabuleiro, isso só para quem for realmente testado e aprovado em minha seletividade. Pode-se saber muito sobre mim, mas jamais será possível saber tudo, sou misterioso por natureza, tudo é silenciado em prol de minha auto-preservação e auto-suficiência.

Sinto-me perturbado por tudo que sou, é duro expressar-me sabendo que não me entenderão, com todos esses acontecimentos acabo por concluir que é impossível que eu tenha uma boa vida social sem máscaras, portanto é melhor adotar uma atitude de uso de máscara social, assim fingindo ser muito menos do que sou e mascarando minha excentricidade poderei usufruir de uma vida social um pouco satisfatória. Quando algo não pode ser conquistado tenta-se comprar da maneira mais sagaz. Não sei como se julga isso, mas por questões de sobrevivência quando uma porta não se abrir tente entrar por uma janela.
Ninguém entende meu Processo de Vida e Morte, no qual vivifico minha parte harmônica e mato minha parte desarmônica. Agora basta saber que parte minha deve viver e qual irá morrer, já que minha excentricidade é o meu maior brilho. Sem minha excentricidade sou inútil e não conseguirei viver, por sorte minha natureza é imutável. Pensando nisso devo sempre me aceitar, mesmo que ninguém me aceite e eu seja obrigado a deixar todos que me rodeiam para trás matando a vida que tenho para renascer bem distante realizando minhas vontades e sendo quem realmente sou, independente dos fatores que dificultem minha aceitação social tenho consciência que tenho missões a cumprir em vida e não posso permitir que nada atrapalhe minha busca pelo que chamo de Poder.

É necessário interpretar com acuidade o mundo cultural ramificado que está ao nosso redor. A cultura de massa funciona como um veículo de distração para os grandes problemas nacionais e internacionais, essa aquisição de conceitos pré-modelados gera a padronização cultural e social, em contraste acrescenta e fortifica preconceitos a tudo que está à margem do senso comum que impõe regras e estilos forçados para todos os possíveis fins, tornando o comportamento dos influenciados automático e limitado. As barreiras limitadoras da cultura de massa agem na psiquê humana evitando que os manipulados não saibam se comportar adequadamente diante do exótico como um todo.
Seu desrespeito pela opinião diferencial causa graves transtornos sociais perante os excluídos, muitas vezes ridicularizadas, as pessoas marginalizadas por não se enquadrarem na padronização massificante, permanecem como membros incompreendidos e inadaptáveis ao regime preconceituoso e pouco abrangente.

A discriminação ridiculariza, critica sem embasamento e exclui indivíduos não correspondentes ao perfil exigido pelos grupos modistas estáticos e pouco receptivos; por razões de estagnar o conhecimento e prendê-lo ao que a mídia e o empirismo não fundamentado conseguem, a ignorância e seus efeitos nocivos ampliam diversos fatores negativos no convívio social e na própria mente dos indivíduos, assim eles crescem iludidos com seu estilo de vida e tornam-se descrentes, insensíveis, inflexíveis em contraposição aos problemas e soluções para sua própria existência.

Os alienados tem uma padronização em seguir modismos regidos pela mídia manipuladora, esse comportamento repetitivo é motivo de prestígio entre seus semelhantes.O modismo externa uma grande deficiência ou ausência de senso crítico, uma má avaliação empírica, argumentos depreciáveis e respostas ilógicas e incoerentes. A imensa falta de opinião individual dos modistas faz com que sua opinião seja quase sempre monossilábica e sem alicerces argumentativos, fazendo dos influenciados indivíduos facilmente manipuláveis e pouco racionais diante de situações que exijam uma boa base cultural necessária para que escolham e separem o que é benéfico ou nocivo; existem poucas variantes dentro de seu gosto pessoal estreito. Seja pela música, vestuário, comportamento social, objetivos de vida e demais fatores, o modismo está presente em diversos hábitos e interfere diretamente nas relações sociais, tornando suas relações harmônicas somente entre seus semelhantes.


- Mensageiro Obscuro.
2004.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Sua Hipnose

Consciente, inconsciente e subconsciente, ego, super-ego e id, minhas facetas. Sua hipnose tomou minha mente, ela tentou me invadir, firme... Armadilhas e prisão, ela me queria, minha pineal latejava intensa, sedutora... a moça adentrava, degustava parte de mim. Quis ludibriar minha cabeça, com seus comandos e ousadia, mas em meu abismo pessoal as regras são todas minhas.

A invasora observou a fenda colossal, perguntava a si mesma se saltaria na escuridão de meu abismo para desvendar mistérios e segredos. Abracei-a forte e de surpresa evitando que se atirasse na fenda do precipício. Então a expulsei, porém antes que ela se perdesse no horizonte de minhas memórias, apreciei seus lábios carnudos. Meu abismo pessoal é só meu, ninguém o adentra além de mim.


- Mensageiro Obscuro.
Maio/2009. 


Foto: Vórtice cromático. Sem referências encontradas.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Insensibilidade

Tão dóceis ao nascer e crescendo tão doentios eles não sentem a dor da fauna e flora. A miséria de espírito alimenta suas vidas fúteis, enquanto o egocentrismo e materialismo os enterram e tudo vira sacrifício para sua deusa de matança. Suas essências tem sabor amargo de destruição, pois não percebem seus erros e culpa. Choro em desespero pelo fim próximo, o templo da mediocridade cresceu e elegeu a crueldade como seu avatar.

Sua deusa comemora seu grande culto enquanto deveria ser enforcada e largada, aos pés dos poucos que entendem que temos culpa por toda a degradação. Tamanha é dor que só os conscientes sentem ao perceberem essa tortura e peso. Agora minha mãe agoniza ao regenerar-se abandonada por muitos de meus irmãos.


- Mensageiro Obscuro.
Agosto/2007.


- Glossário -

Avatar = é uma manifestação corporal de um ser imortal segundo a religião hindu, por vezes até do Ser Supremo. Deriva do sânscrito Avatāra, que significa "descida", normalmente denotando uma (religião) encarnações de Vishnu (tais como Krishna), que muitos hinduístas reverenciam como divindade.


Foto: "Desmatamento no Piauí" por Eco Piauí.

Traduções Torpes

Se você me traduzisse,
talvez entendesse
o que penso e sinto.
E nada seria tão vazio...
você falha e marca-me.

Em pobres comentários,
deturpa-me, viola-me
fala o que não devia
e fere este que te ama.
Não vivo ao seu redor,
perdeu-me e o azar é seu.

Morreu a compreensão,
estamos mais distantes
do alcance de nossos corpos.
Sobraram apenas cicatrizes
causadas por suas traduções torpes.


- Mensageiro Obscuro.
Março/2008.


Foto: V (Hugo Weaving) e Evey Hammond (Natalie Portman) no filme V de Vingança (2006).

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Feras Lascivas


Cansou da mesmice diária e tragédia pessoal?
Seu modelo de civilidade não te saciou?
Busca-me pois sou indomável,
você quer aventura e medo.
Só você me encarava com dúvidas,
pensava que não sou humano,
que não passo de um animal selvagem
mascarado nessa forma de homem.

Nas madrugadas eu era um bicho feroz
que roubava sua energia física.
Não abusei de suas fraquezas
enquanto sua ferocidade subia
da manipulação de seus sentidos
enquanto eu te seduzia brutalmente.

Não adianta me caçar por aí,
apaguei meus rastros na clareira.
Admita, minha amante
que somos duas feras lascivas.


- Mensageiro Obscuro.
Setembro/2008.

Foto: Casal de ursos polares. Imagem encontrada no Google Imagens sem referências.

domingo, 19 de abril de 2009

Sejamos Bêbados

Degustando sua personalidade,
provoco-te de vários jeitos.
lentamente me entorpeço,
gole por gole.
Estou largado na mesa
num canto de parede
enquanto o garçom me serve.
Com estratégia te seduzo
em uma dança impessoal.

Aventuro-me em meus devaneios
com a boca molhada
esperando beijos e mordidas
excitado pela sua companhia...
- Garçom, mais uma dose!

Pura delícia, meu álcool,
não a ponho no pedestal,
apenas te consumo,
prazer a prazer...
- Garçom, mais uma dose!

Venha comigo agora,
a noite não acabou.
brindemos agora
pela efemeridade...
- Garçom, mais uma dose!

Como um pintor ama a arte
amarei sua nudez.
servirei o vinho
sejamos bêbados hoje...
- Garçom, mais uma dose!

- Mensageiro Obscuro.
Abril/2009.

Foto: Garrafa de vinho com duas taças. Imagem sem créditos encontrada pelo Google Imagens.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

O Rosto Trágico

Pensei que  minhas lágrimas desceriam
esperei em meu sepulcro sórdido.
Da boca que pronunciava alegria
também escapava ternura...
dessa boca nada mais escapou.

A pele pálida era sem reação,
nenhum riso amável,
minha dor ninguém entende.
Com o espírito cansado,
a têz virou mármore,
retrato pétreo do inevitável.

Eis o rosto maldito,
face louca deprimente,
meu pesadelo terrível!
Sofri amargamente,
minha humanidade perdida,
quem fui... morreu.

Agora sou um espectro,
decadente máscara mortuária.
Restou um rosto trágico
ironicamente desfigurado.


- Mensageiro Obscuro.
Agosto/2007.


Foto: Máscara artística teatral. Imagem encontrada no Google Imagens sem referências.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Marcha Funérea

O cortejo suave de quem chorou
extinguiu-se em cor mortal.
a mortalha longa tremulou,
tornou-se capa espectral.

Esgueiro-me entre lápides,
vestido em tecidos mortuários,
sugando o calor de vários,
má notícia em tablóides.

Pele cianótica, inerte carcaça,
nesse baile de máscaras,
somente vida pútrida e escassa.

Só esquecimento, vida etérea,
ofereçam-me vinho e uma taça
para brindar essa marcha funérea.


- Mensageiro Obscuro.
Outubro/2008.

Foto: Homem pensativo diante de túmulo. Imagem encontrada no Google Imagens. Sem referências encontradas.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Aventura Fantasma

A madrugada era gélida e calada,
revelava flores e folhas secas,
e poeira e parafina queimada.
Chegaram meus companheiros,
e acordamos do sono contínuo.

Saímos eufóricos de nossos túmulos,
éramos sombras entre névoas,
invadimos o sarau dos vivos.
Filósofos, escritores, músicos
e góticos foram os anfitriões.

O sarau foi em nosso mausoléu,
a alegria das artes nos seduziu.
Dois bailes paralelos seguiam
em uma só realidade!

A interseção de vivos e mortos
criou nossa aventura fantasma.
Ossos e cinzas dormem enquanto
a mortalha será nossa bandeira.


- Mensageiro Obscuro.
Maio/2008.


Foto: Arte tumular de algum cemitério. Referências não encontradas.

sábado, 21 de março de 2009

Deuses de Lixo

Heresia, anarquia, rebeldia e subversão!
Abandonei meu crucifixo,
não preciso de falsa compaixão,
não tenho deuses de lixo!

Troquei o flagelo pelo meu prazer,
hoje comungo na carne da puta.
Todo meu tédio está para morrer
com meu escárnio por sua fé fajuta.


- Mensageiro Obscuro.
Julho/2008.
 


Foto: "A Deposição de Cristo no Túmulo" por Caravaggio, 1602-1604.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Espírito Transfigurado

Minha boca está armada com presas, sou minha própria arma e fortaleza, minha língua é a caneta da eternidade e meu sangue é tinta e veneno. Meus inimigos podem até correr, mas vou caçá-los com fúria implacável, nada interromperá minha vontade, meu corpo escuro está fechado. Sou fértil como Osíris, inteligente como Jehuty, imparcial como Anúbis e violento como Sekhmet. Nenhum inimigo me vencerá, sou energia perpétua e vou guerrear no Abismo, sendo incansável e potente. Sou espírito transfigurado e intocável, nada me detém.


- Mensageiro Obscuro.
Dezembro/2008.


-- Glossário --

Anúbis = Neter egípcio do submundo dos mortos, mumificação, auxiliador no julgamento, representante da imparcialidade e racionalidade. É representado como um homem com cabeça de chacal ou cachorro preto. Seu culto era realizado na cidade de Cynopolis e possui templos-cemitério para o treinamento de seus discípulos e cultistas.

Jehuty = Neter egípcio do conhecimento, intelectualidade, magia, mistério, ocultismo e Lua. É representado como um homem com cabeça de íbis ou macaco babuíno. Seu culto era realizado na cidade de Hermópolis, onde discípulos e cultistas treinavam seus conhecimentos em templos-biblioteca. É chamado pelos gregos pelo nome de Thoth.

Osíris = Neter egípcio responsável pelas técnicas necessárias para criar a civilização humana como a agricultura gerando colheitas fartas, assim como também tem o controle sobre águas do rio Nilo, é o deus da morte do Egito antigo. Representado como um homem de pele verde, podendo estar ricamente vestido tanto como humano de pele verde ou múmia faraônica. Ele é o principal entre os 42 juízes que presidem julgamentos aos espíritos na "Sala das Duas Verdades", onde se procedia a pesagem do coração ou "psicostasia". Osíris é mitologicamente apresentado como filho de Geb e Nut, irmão e marido de Ísis, pai de Hórus e irmão de Seth.

Sekhmet = Netert egípcia da guerra e das doenças, responsável por proteger o neter Rá e o faraó, sendo portadora de uma grande fúria ela se descontrolou ao cumprir a missão de punir a humanidade e esta foi quase extinta. É representada por uma mulher coberta por um véu e com cabeça de leoa. Seu culto era realizado na cidade de Mênfis.


Foto: Entardecer no Egito. Encontrado no Google Imagens.