Sei que sou denso, talvez pesado demais para ti, talvez um fardo sofrível, então vamos nos distanciar... você fica no seu canto e eu no meu. Pela boa vizinhança, vamos ficar afastados, faremos de conta que não existimos um para o outro por uns tempos, pode ser divertido e importante, estou disposto a seguir com essa idéia. Fique em sua casa e eu vou para um abismo ou montanha, tanto faz, estarei em meu território por dias ou semanas, mas lá estarei em sintonia com coisas tão minhas. Você reclama que ando calado com olhar perdido, ouvidos desviados e com o nariz para baixo, todo pensativo e sensível ao que desconhece. Não é dor, não é desamor, nem fofoca e nem outras tolices que você costuma pensar. Não quero desabafar e nem chorar, é sério! A verdade é que o que penso e sinto não é expressível a ponto de ser captado por sentidos comuns, o que se passa por dentro de minha pessoa só eu sei. Não adianta pedir que eu me explique, que me abra para ti, para que depois crie ou reforce dúvidas em sua mente. Não adianta eu dizer o que não é possível de entender.
Minha voz e letras não dizem nada que te levem a algum lugar, pois meu abismo é fechado e só meu, lá é meu território onde mistérios e segredos habitam solitários. Essa é minha profundidade e não posso te prender, portanto não se prenda a minha pessoa. Sou como o pássaro do livro "A Menina e o Pássaro Encantado" do Rubem Alves: para que eu seja feliz tenho que ser livre para ir onde quero, sem amarras, mudando minha forma de acordo com as tantas nuances de minhas experiências. Desista de tentar desvendar um enigma tão complexo, isso só vai te tirar tempo. Umas coisas são mistérios, outras são segredos, mas todas são incompreendidas. Não quero falar, não tenho palavras belas. O que tenho é tédio do tipo para exportação, pode ser atacado ou varejo? Escolha logo sua leva, pois a concorrência é ferrenha.
Estou de saída ou em fuga, já peguei o que preciso, então não me procure e não vou te procurar, um dia nos encontraremos, sem pressa e sem pressão. Respeite minha individualidade e privacidade ou essa será nossa última conversa. Não quero falar com a voz embargada, não quero derramar lágrimas aprisionantes e nem quero sentir o terror da perda, é melhor viver desgarrado, mas não sem antes levar um abraço apertado. Sou livre e não vou mudar, essa é minha condição, não tente me parar. Não sou doméstico e nem dependente, então esqueça os grilhões ou amarre-se neles. Eu vou embora. Irei me aventurar e trarei façanhas e cicatrizes lindas. Enquanto eu não voltar estaremos juntos pela mente, então digo a você: até mais.
- Mensageiro Obscuro.
Setembro/2009.
Foto: Montanhas geladas. Encontrado no Google Imagens. Sem referências encontradas.
Oiee!!!
ResponderExcluirMuito obrigada pelo seu comentário no meu conto no Descaminhos Sombrio!!
Espero que você consiga seguir meu blog depois. Eu tento postar sempre que posso, espero que goste dos textos.
Vi que você também participa do blog do Vale das Sombras! Eu já tive um conto publicado no 2º ebook do Vale. O Conto se chama "Caça". Espero que goste desse também!
Bjs
Oiiii
ResponderExcluirÉ bem claro e decidido , talvez um pouco frio, insensivel, mas me parece m palavras verdadeiras.
Gostei!
Mudando de assunto...Estou com saudades de sua presença por perto...não me deixa , vem akiiiiii
Beijo
T I N I N
Que lindo isso! Triste, mas de um sentimento impregnado que doem até os ossos. Texto muito bem feito, irrepreensível.
ResponderExcluirPuxa! Maravilhoso texto, Ursão.
ResponderExcluirMe surpreendeu neste.
Diferente dos demais escritos seus.
Gostei de sua escrita em prosa.
Beijos.
Está bem escrito. Gostei. Mas me deixou melancólica, como já te falei.
ResponderExcluirTexto bem escrito, expressa o que eu mais gosto na leitura: os sentimentos. Concordo com a Rosa é melancólico, mas gostei disso também.
ResponderExcluirMensageiro Obscuro:
ResponderExcluirSeus pensamentos parecem um desabafo e eu não pude deixar de falar algo sobre a seguinte expressão :
"...meu abismo é fechado e só meu."
Espero que essa expressão seja apenas para se referir uma vasta liberdade que você gosta de viver, mas que não lhe cause dano algum. Juízo!
Li o seu texto ontem, gostei, não sou muito de fazer comentários. Só estou comentando por causa da frase que me chamou atenção. Se o meu comentário não tem sentido, perdoe-me.
"O que tenho é tédio do tipo para exportação, pode ser atacado ou varejo?"
ResponderExcluirEu com certeza elidiria esta parte. Está sobrando aí no meio do texto. Mas como um todo, eu gostei, Mensageiro, ficou interessante.
Muito bom o texto, é a temática que eu gosto e por isso li com bastante atenção. Passou uma mensagem bastante legal e que me causou curiosidade. Parabéns!
ResponderExcluirParece um desabafo! Incrível a carga sentimental, chegando a ser melancólico (num bom sentido).
ResponderExcluirNão há necessidade de maiores explicações (embora o leitor possa se perguntar o que houve com o casal), e os seus "pensamentos" são muito belos!
Beijos.
“Narrar é narra-se: a tentativa apaixonada para chegar ao esvaziamento, ao “eu” sem máscara.”
ResponderExcluir(Benedito Nunes)
Mensageiro Obscuro,
Gosto desse tipo de texto que nos remete às profundezas de alguém que, pelos seus comentários, tenho a impressão de que seja autobiográfico, pelo menos em parte (talvez não a narrativa, mas o pensamento, a ideologia expressa... um misto de biografia e criatividade). O texto passa-me a impressão de desabafo existencial que fica nos limites entre você e a personagem a qual você constrói para exprimir seu idealismo, sua visão de vida.
O "barato" nisso tudo, Mens Obscuro, é que o resultado não é um simples relato, ou uma simples composição de ideias extirpadas lá do fundo, mas um desdobramento de uma personalidade em outra, numa necessidade de colocar-se para fora de si, se olhar, tentar se (re) conhecer (é o que tento fazer tb).
Você demarcou limites interiores para que as pessoas não passem dali. Dá para viajar muito nessas ideias, criar obstáculos maiores, soluções que trazem alívio... Masss, se essa minha "teoria" estiver correta, você não encontrará respostas sozinho, com seus olhos apenas. Vamos lá, você se olha no espelho e projeta sua criação: o que você vê? Um par de olhos que se voltam para você.
É a partir deles que você poderá "bisbilhotar" esse mundo complexo que existe aí dentro. É o que se chama de alteridade.
Acho que viajei.
Continue a escrever! =)
Abraços.
Gostei. existem n maneiras de expressar um estado emocional, mas a forma como você colocou, parece que dirigindo-se a alguém. Ficou bonito, embora abstrato perceptível.
ResponderExcluirDe fato, parece bem um desabafo, mas um desabafo parcial, onde muitas coisas ainda permanecem recônditas e intangíveis. Gostei do texto, Mensageiro,
ResponderExcluirAchei-o com uma dose boa de expressividade, mas acho que poderia ter sido, quiçá, um pouco mais desenvolvido. Não precisava ter falado tudo, mas, na minha opinião, seria legal se colocasse alguns pensamentos mais sugestivos, que instigassem o leitor a investigar e refletir sobre o que se esconde por trás daquelas palavras que estão faltando.
Abraço!
Parece um desabafo! incrivel a carga sentimental, chegando a ser melancolico (num bom sentido).
ResponderExcluirNão há necessidade de maiores explicações (embora o leitor possa se perguntar o q houve com o casal), e os seus "pensamentos" sao muito belos!
Comentário rápido: começou certinho "sei que sou denso", e apenas provou isso ao longo do texto. Belas palavras. Ficcionais, eu espero.
ResponderExcluirMuito bom o texto, é a temática que eu gosto e por isso li com bastante atenção. Passou uma mensagem bastante legal e que me causou curiosidade. Parabéns!
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