Ele dormia envolto em nobres vestes com ricas jóias, um vampiro faminto, saqueador de almas corruptas, suas habilidades e poderes são tão intensos quanto sua fome e possuía um desejo pervertido e insaciável por vidas. O Poder corria por suas veias consumindo sua sanidade, sua energia exalava terror pelas noites nebulosas de caça. O usurpador saía faminto de seu túmulo à noite, sua luxúria era saciada em caçadas por carne e sangue.
Há muitos séculos perdera seus traços de humanidade, seu Ka fora amaldiçoado, não chegaria ao Amenti, ganhou uma existência amaldiçoada pelos deuses. Agora o Egito adquiriu um novo monstro sanguinolento. Passou suas garras e presas nos corpos de suas vítimas, dilacerou carnes e ossos por fome e prazer, corpos em espasmos foram consumidos pela fera, gritos e violência contagiavam ambientes invadidos.
Sobraram paredes e um assoalho manchado após sua visita. Correu para banhar-se, ainda com mãos e lábios vermelhos. Gargalhou de si mesmo vendo seu reflexo turvo, olhou seu próprio rosto pálido e brilhoso no espelho. Na banheira cochilou como se fosse seu valioso sepulcro. Sua ira e gula fizeram-no chorar parcas lágrimas inconsistentes. Sua noite estava acabando, tinha de fugir do sol, Vestiu outras roupas e retornou voando como névoa.
Sangue corrupto era o seu alvo, o Néctar do Justiceiro, era o Saqueador de Almas, um semideus sugador de sangue. Seus leais servos enalteciam de seu egocentrismo divino, somente espíritos nobres salvavam-se de sua fome agressiva. Novas noites sangrentas ainda alimentariam o insano usurpador infeliz.
- Mensageiro Obscuro.
Junho/2007.
-- Glossário --
Amenti = Habitação dos mortos, a segunda etapa da Viagem. Morada de Osíris onde são julgados os mortos.
Ka = Estranha dualidade do morto: Alma e Guardião, Corpo Vital e Gênio Protetor.
Néctar = Alimento dos deuses. Dava imortalidade aos que o comiam e tornava-os eternamente jovens e radiosos.
Segunda Morte = Para os egípcios a morte material pouco importava, para eles era bem pior ser um espírito perverso a receber altas punições na sua pós-vida no Além, então a Segunda Morte sem dúvida era a pior punição acima de maldições divinas.
Foto: Boris Karloff como Imhotep no filme "A Múmia", 1932.
Olá, tudo certo? Respondi por lá que passaria, e passei... por aqui! Bem diversificado seu blog... e participa em tantos outros...
ResponderExcluirAdmiro que sabe e gosta de escrever!
Grata também pela referência!
Beijão!
Magnifico poema!
ResponderExcluirComo sempre bem fundamentado com aspectos da mitologia!
E o Ka é uma roda, gira em ciclos, e voltamos sempre para o mesmo lugar... (ideia extraída da série de livros A Torre Negra de Stephen King)...
Estava sentindo falta de um vampiro sanguinário de verdade. Já estava ficando desiludido com Edward Cullen, ícone pop atual dos vampiros.
ResponderExcluirE ele me lembra o Hesha Ruhazde, vampiro ancião Setita, meu NPC favorito de Vampiro: A Máscara.
otimo texto!! excelente!!
ResponderExcluirparabens pelo texto
ResponderExcluirMuito bom, gostei da sua escolha de palavras pra narrativa do texto.
ResponderExcluirQuando li sequestrador de almas, nunca pensei que fosse um vampiro matando pessoas, mas ta ok.
É assim que gosto de ver os vampiros, maus, sanguinários e ao mesmo tempo com culpa pela sua natureza.
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